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Ongaku to hito - Entrevista com o Kyo (Dezembro, 2012) Parte 1

Todos os scans por Deidrichenstein
Em 10 de outubro, oito meses após o anúncio de uma pausa, o grupo retoma suas atividades com um show no Shibuya AX. No centro do palco encontra-se o Kyo envolto de uma estranha elevação e parece não demonstrar preocupação e nem se incomodar com a possibilidade de que sua voz pode lhe decepcionar esta noite. Ele desencadeia exclamações e rugidos com entusiasmo.

Depois de ser diagnosticado com nódulos nas cordas vocais, uma desvantagem para a sua voz, ele deve estar preocupado com a sua própria vida como artista. O que ele pensa quando grita?

Por ocasião do single Rinkaku, aqui está uma entrevista pessoal com o Kyo, que vai nos permitir entrar no centro da questão ou no espírito do Kyo de hoje.


 Faz bastante tempo desde que você foi entrevistado.

Kyo: Sim.

– E já fazia bastante tempo que você não fazia um show, tendo o primeiro show depois de tanto tempo acontecido há apenas três dias. Qual a sua reação?

Kyo: Sem entrar em detalhes no momento, eu acredito que foi um show bastante normal para mim. Eu não tive uma abordagem mais reflexiva ou até mesmo pensei muito como o conduziria.

Então, foi como de costume?

Kyo: Sim. Não passou a sensação de que era o primeiro show depois de muito tempo ou que eu passei por um período de descanso.

– Oh certamente. Quando você apareceu no palco, a reação do público foi extremamente intensa, como você se sentiu em face a tal reação?

Kyo: Eu não consegui ouvir direito mas lembro de pensar que suas vozes estavam realmente fortes. No entanto, eu queria focar na cena/palco e por isso eu não prestei realmente muita atenção.

– E como foi estar novamente no palco? Fazia bastante tempo que vocês cinco não dividiam o palco.

Kyo: No inicio eu não estava realmente ciente dos outros membros da banda por não conseguir vê-los. No entanto... naturalmente, eu sentia a energia. E novamente foi como de costume. Ninguém estava particularmente nervoso.

– Você realmente não sentiu o período de vácuo, devido a sua pausa...

Kyo: Verdade seja dita, eu não tive essa impressão de pausa. Para mim esse período foi o mesmo que os períodos de tempo livre que temos entre os shows. E que há muitas coisas que eu quero fazer mas que eu não tenho tempo de fazer coisa alguma.

– O que você fez durante esse período?

Kyo: Pode não ser o que você imagina. Todo mundo a minha volta deve pensar que eu estava tentando descansar, eu e minha garganta.... Mas isso não poderia estar o mais longe da realidade.

– Você não estava em repouso?

Kyo: Eu não parei. Quando você gasta o seu tempo dizendo "Eu não tenho tempo! Eu não tenho tempo! Os dias são muito curtos!". Bem, em um momento já estava na hora de voltar aos palcos. E por isso que o show no AX foi feito naturalmente.

– De fato. Nesse caso eu vou novamente fazer a pergunta, o que você estava fazendo para estar tão ocupado?

Kyo: Eu estava simplesmente ocupado com coisas do meu interesse. Há mais e mais coisas que eu quero fazer em relação aos meios de expressão. Esses desejos começaram a multiplicar-se antes desse período de pausa. No entanto eu nunca tinha tido tempo até então. E como dessa vez eu tinha tempo livre o suficiente, eu entrei de cabeça nisso.

– Estes meios de expressão que você fala faz parte da banda, certo?

Kyo: De fato. Em relação a maneira como eu me expresso. Eu não necessariamente apresento mais, mas eu tento multiplicar os meios de aprofundar o meu campo visual e manifesta-lo. Era com isso que eu estava ocupado. Eu estava trabalhando para expandir as minhas habilidades.


– Agora que a banda está ativa novamente, você não será mais capaz de trabalhar nisso por um tempo...

Kyo: Não, para mim tudo está no mesmo nível. Nenhum vem antes ou depois do outro. Eu não diria ser capaz de fazê-lo se isso fosse um obstáculo para a banda. É por isso que eu continuo a fazê-lo.

– Deve ser difícil não priorizar qualquer atividade.

Kyo: Para mim, acho que é difícil tomar o meu sofrimento pacientemente para as coisas que realmente quero fazer, e priorizar os outros. É claro que a banda faz parte das atividades principais para mim, e eu entendo que como gravadora (essa parte foi bastante confusa e eu não entendi realmente o que ele quis dizer), há muitas coisas acontecendo. Mas usar isso como motivo para colocar barreiras para as coisas que eu quero fazer é chato. Eu quero permanecer num passo que é sincero, puro.

– É um sentimento que foi amplificado durante a sua pausa?

Kyo: Sim. E neste sentido, eu realmente estou pronto para seguir em frente.

– Por falar nisso, me lembro de uma entrevista que fiz com o Kaoru quando vocês estavam parados. E durante a nossa conversa, ele parecia estar interessado em uma carreira solo. E na época ele me disse: "Eu sou encorajado pela minha família a fazê-lo, apenas criar algo para ver como é, mas eu não consigo parar de pensar na banda".

Kyo: Essa é uma outra maneira de ver as coisas.

– Na verdade, eu penso como o Kaoru, como membros de um grupo vocês têm uma mistura de sentimentos contraditórios, é uma batalha entre o ego e o grupo.

Kyo: Ah ... percebi que a sua pergunta está relacionada a influencia dos problemas com a minha garganta. Eu acho que já pensei sobre o que poderia ter sido de uma carreira solo, se eu não pudesse cantar minhas músicas. Pode ser.

– Sim, isso é o que Kaoru disse "Quando penso em como o Kyo se sente... eu não posso".

Kyo: Mas ele pode fazer o que ele quer agora. Isso voltar para o que eu disse anteriormente, se é um esforço para a pessoa, então torna-se para mim também , e se trata de não ser capaz de fazer o que você realmente quer fazer e eu não quero isso. Devemos fazê-lo com um desejo real por trás.

– Eu entendo. Pretendo voltar a esse assunto mais tarde, mas agora eu quero falar sobre o estado de sua garganta, que já era ruim antes.

Kyo: Já faz alguns anos que isso acontece. Eu ainda não estou na fase de ter um pólipo, mas também não estou longe disso. Quando estou em turnê, ela cresce e endurece. Uma vez que a turnê acaba, ela diminui novamente. Mas quando estou em estúdio, parece que fica ainda maior. E eu sei muito bem que se eu continuar nesse ritmo, de novo e de novo, no final as coisas vão dar errado. Eu vi um rádio-x da minha garganta no hospital. Mas... tínhamos novas datas confirmadas para a turnê e eu não tinha tempo para descansar minha garganta, eu só tinha que de alguma forma suportar...

– Oh, entendo. Mas você não tem mais que aguentar as desvantagem do ano passado.

Kyo: Para ser honesto, eu estava um pouco desgastado. E quando a turnê acabou e eu voltei, eu não sabia em que estado estava a minha garganta. O médico do hospital me falou sobre o conceito de "voz atleta".


– Atleta?

Kyo: Basicamente, eu estou sobrecarregado, me disse o médico. A garganta também é um músculo, nesse sentido, se eu trabalha-la todos os dias ela não poderá descansar. O médico me aconselhou a parar e ele estava certo. E por isso eu decidi fazer uma pausa.

– Nessa fase, quando você cantava, sua voz eventualmente enfraquecia. Era uma situação difícil?

Kyo: Você pode dizer isso... Eu estava especialmente levando adiante. Em algum momento, eu também disse que já era tarde demais e que por vezes eu não me importava se quer um pouco.

– Uh, espere... você está falando da sua voz não é? Por não ser capaz de usá-la...

Kyo: Normalmente, quando falamos de um cantor, você pensa que seus meios de expressão estão em cantar suas músicas. Mas eu não uso apenas a música, eu também uso o meu corpo e suor, eu uso várias coisas para me expressar. Portanto, mesmo que a minha voz esteja falhando, eu posso sempre dizer que eu tenho outras maneiras de passar a minha mensagem. Claro, por vezes aconteceu de eu dizer que gostaria de ter alcançado certas notas ou trechos onde eu desejei que minha voz fosse alta o suficiente. Mas há também algo bom em não ser capaz de alcançar porque eu acredito que há sempre aquilo que queremos transmitir.

– Isso já foi dito antes, mas há uma mensagem sendo transmitida na força do sentimento de querer atingir uma nota impossível.

Kyo: Certamente. Tendo dito isso, me irrita que haja pessoas que ouvem superficialmente e que simplesmente concluem "oh sua voz não sai". Enfim... é por isso que eu não me importava muito se a minha voz acompanharia ou não.

– Eu entendo. Tendo como contra o médico que desta vez disse que se você não descansasse a sua garganta, você não poderia cantar de maneira alguma, certo? Isso é algo grave o suficiente para afetar a sua vida como artista, como cantor.

Kyo: É bastante possível. Mas eu estava totalmente incapaz. E eu já tenho o problema no meu ouvido. (Nota: durante uma turnê em 2000, eles tiveram que adiar uma série de shows devido a um problema no tímpano do Kyo e por 3 meses ele permaneceu em recuperação) Já naquela época, quando tive problemas no ouvido, tudo isso já era importante para mim.

– "Não, isso é importante!" Você se lembra desse tempo? De quando você chegou a essa conclusão?

Kyo: Eu quase posso ouvir com o ouvido esquerdo (ainda falando de 2000). Eu não posso ouvir sons muito baixos, de forma permanente. E eu mal posso ouvir o som da TV do lado esquerdo. É extremamente desagradável. Mas naquela época eu fiz um tratamento e eu consegui de alguma forma quase me curar. Mas logo eu estava doente novamente e tive uma recaída. E... já não poderia voltar ao normal. É por isso que hoje, eu mal posso ouvir o baixo do lado esquerdo.

– Foi um choque quando você descobriu que não poderia mais ouvir?

Kyo: Num primeiro momento sim. Eu me perguntava o que eu faria se eu fosse surdo. Até que eu disse a mim mesmo que não era algo sério. Ao invés de me desesperar e me resignar eu decidi parar e pensar sobre o que eu poderia fazer em seguida. Eu me perguntei, "o que eu posso fazer? ". Me questionei o que eu poderia fazer se eu não pudesse cantar. A partir desse momento, eu realmente consegui ver além de tudo isso. Eu disse, "você nunca sabe o que pode acontecer sendo assim evite ter arrependimentos". E desde este incidente eu desenvolvi este desejo de autoexpressão. Indaguei me coisas como: "O que eu sou?" ou " Quais são os meus meios de expressão", "qual forma de expressão eu represento?". Eu quero lutar essa batalha estando a 100%. Essa tornou-se a minha maneira de ver as coisas.

– Como o Kyo era antes da doença? Antes, você não era tão avançado em relação a reflexão sobre os seus meios de expressão.

Kyo: A base não foi alterada, mas eu acho que eu era uma pessoa ingênua. Eu era ingênuo em relação a mim mesmo e em relação a autoexpressão. E mesmo na expressão, há questões em relação as maneiras adotadas, a forma como proceder... É difícil de explicar com palavras. Eu ainda não tinha chegado ao ponto de indagar quem eu era. Mas quando um incidente desse tipo acontece, você acaba se perguntando "E se eu não puder cantar, o que eu faço?". Até então, eu só tinha a música. Eu saí da escola aos 16 anos e desde então eu só tenho a música, mas se eu não tivesse escolhido este caminho, eu acho que eu estaria realmente desesperado.

– Sim.... Então você estava preocupado, você estava com medo do que poderia acontecer se você não pudesse cantar...

Kyo: Mas eu não tentei fugir. Eu não estava desesperado e eu não tentei contornar este problema. Eu queria saber como enfrentá-lo. E, com isso, pude aprofundar meus pensamentos sobre os meios de expressão ou sobre a mim. E eu digo que no final não foi tão ruim.

– E está acontecendo a mesma coisa desta vez? Como você disse "Você vai continuar se não poder cantar".

Kyo: Como eu disse antes, eu levaria apenas os meios de expressão entre outras coisas. Mas eu ouço uma voz na minha cabeça me perguntando "Se você não puder cantar, este é o fim para você?". E eu respondo com um "Não! Você está errado!". Eu tenho ainda um outro "eu" na minha cabeça que diz, "É assim que chegamos ao seu fim?". É por isso que eu tenho um anseio por tudo o que se relaciona a expressão. Eu como eu já disse antes, eu faço o que eu quero fazer não importa o que me foi dito.



Notas:

Sinto muito pela confusão nesta tradução, admito que certas partes não estão claras, no entanto a tradução foi feita a partir de uma tradução para o francês o que tornou as coisas um tanto complicadas tendo em vista que o meu francês não é fluente.
Assim que sair uma tradução em inglês eu faço correções e melhoro o "sentido" tornando-o mais claro.
Fiz a tradução por ter um tempo livre e por julgar que todos estavam tão curiosos quanto eu para ler a mesma.
Esta é a primeira parte de 3 e assim que tiver novamente um tempo livre estarei trabalhando na segunda parte.
Caso algo não esteja claro não hesitem em perguntar.


Uka

Scans por Deidrichenstein
Traduzido para o francês por Koto
Traduzido para o português por Uka SABIR BRASIL

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