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Entrevista com Kyo na PopBeat (abril, 2000)


Dir en grey
Entrevista pessoal #1
Kyo


Kyo, o vocalista que com a sua capacidade musical e existência única representa o Dir en grey. O verdadeiro Kyo falando sobre sua juventude foi tão surpreendente quanto ele é no palco.


── Sua cidade natal é Kyoto, certo?

Kyo: Sim. Eu morava em Kyoto até quando eu tinha mais ou menos 19 anos.


── Você gosta de Kyoto?

Kyo: Sim. Há uma grande quantidade de templos e eu realmente adoro a atmosfera de Kyoto, ela é tranqüila e rica em cultura.


── Que tipo de criança você era?

Kyo: Eu acho que eu não era uma criança tão boazinha (risos). Eu sempre fui teimoso.


── Do que você brincava?

Kyo: Quando eu estava no primário eu percorria longas distâncias de bicicleta. Eu descobria novos parques e outras coisas. E acredito que eu era viciado nesse tipo de coisa.


── Havia muitos playgrounds?

Kyo: Havia também muitos parques. Eu costumava subir em uma coisa que parecia um trepa-trepa com um amigo, com o qual eu costumava brincar muito e cuja família era comerciante de madeira, eles usavam essa coisa para cortar madeira. Eu subia até o topo e montava uma base e brincava lá...


── Parece ser um lugar onde você pode se machucar.

Kyo: (risos). Eu já caí da parte mais alta do trepa-trepa mas nunca me machuquei. Ah, quando eu pensei que eu ia cair, eu já estava no chão. Doeu, mas eu não me machuquei. Eu não estava consciente até metade do caminho. Eu não sabia como eu caí e coisas do tipo. Várias pessoas dizem que quando você comete suicídio pulando de algum lugar, no meio do caminho você perde a consciência, certo? Talvez tenha acontecido isso.


── Você fazia coisas perigosas enquanto brincava?

Kyo: Nós brincávamos e brandíamos um extintor de incêndio que estava caído na margem do rio. Houve uma vez em que meu amigo o jogou e ele me atingiu diretamente na cabeça.


── ... (Pausa silenciosa)

Kyo: Eu pensei que ia morrer quando ele me atingiu em cheio. Mas eu não me machuquei (risos). Eu estava atordoado então voltei para casa, enquanto dizia, "tá doendo".


── Os seus amigos que estavam com você não entraram em pânico?

Kyo: Bem, talvez. Mas mesmo que você diga amigos, eu realmente não gosto de fazer atividades em grupo então havia 2 ou 3 pessoas. Eu acho que fazer atividades em grupo é desinteressante.


── Você gostava da escola primária?

Kyo: Eu odiava todas as aulas. Eu não estava interessado em se quer uma delas, em Ciência, História ou em observar a metamorfose dos girinos se transformando em sapos. Eu pensava "do que vai servir isso no futuro?". Até mesmo agora eu ainda penso da mesma forma. Eu não entendia por que todos tinham que estudar. Quando eu olhava para as pessoas que estavam se matando de estudar eu pensava "eles são idiotas?" eu acreditava que aquilo não seria realmente útil.


── Quer dizer que você já tinha notado isso durante a escola primária?

Kyo: Sim. Mas eu acreditava que você tinha que saber aritmética e japonês. Isso porque adição, subtração, multiplicação e divisão são importantes. Você também tem que aprender uma quantidade razoável de kanjis. Mas sabe, eu odiava aqueles trabalhos onde você tinha que lembrar uma certa quantidade de kanjis até a próxima lição. Por que eles tinham que me dizer que eu tinha que fazer isso? Por exemplo, se você quer que nós memorizemos todos esses kanji em um ano, então basta nos dar uma lista com todos. Se dentro de um ano eles queriam que nós memorizássemos todos aqueles kanji, então eu poderia fazer isso no meu próprio ritmo, certo?


── Você tem razão.

Kyo: Então, quando somos forçados a memorizar apenas até este ponto, até a próxima lição, então ganhamos pontos por isso e se você não conseguir eles ficam com raiva de você, você não acha que isso é estranho? Eu não gostava disso. Eu era contra isso. E é por isso que eu não estudei muito a língua japonesa (no sentido de se dedicar), mas agora eu acho que teria sido melhor se eu tivesse estudado um pouco mais, mas fora isso eu fiquei feliz com a minha decisão.


── Feliz por não ter feito?

Kyo: Sim. Não havia nenhuma razão para mim me matar de estudar coisas que eu não vou usar, mesmo quando eu me tornar um adulto e a diversão acabar. Isso porque quando eu era criança eu achava que brincar na rua era mais importante.


── Um estudante do ensino fundamental tão insensível.

Kyo: Eu não acho que as pessoas pensem realmente muito sobre isso. Quando alguém dizia que era aula de ciência todos iam estudar e tal. Não é que eu era insensível, eu só pensava que eu não era esse tipo de idiota. Eu era realmente estranho. Se você quiser se tornar um cientista então matemática é importante. Se você quiser se tornar um atleta de voleibol então praticar voleibol é bom. Mas para mim não era importante.


── O que o Kyo-kun queria ser?

Kyo: Eu sempre disse aos meus pais para "ter sonhos". Quando eu penso sobre isso agora, eu acredito que aquelas eram palavras realmente belas. Não havia nada que eu sempre tive vontade de fazer, exceto estar em uma banda.


── Mas você pensou em querer estar em uma banda quando era estudante do ensino médio, certo?

Kyo: Sim, isso mesmo. Até então, eu não queria fazer nada. Essa era a minha principal e única preocupação. Não querer fazer nada.


── Antes de querer estar em uma banda, você gostava de música?

Kyo: Foi por causa do "visual" não da música (que ele se interessou). Eu adorava anime. Animes legais. E ao mesmo tempo, eu sabia sobre o BUCK-TICK e o X, eu achava que eles eram realmente muito bonitos. Como o Sakurai do BUCK-TICK e os outros, ao descobrir que eles eram homens eu fiquei chocado, "Essas pessoas são homens?" eu pensei.


── Como você descobriu o BUCK-TICK?

Kyo: Eu vi um recorte sobre a mesa da minha colega de classe e perguntei "Quem é esse?". Eu gostava das músicas do anime Go-ranger e daquelas músicas que se transformam, ou músicas durante uma cena de luta que passa aquela sensação de colisão. As músicas do BUCK-TICK eram obscuras e eu achava que isso era diferente, e quando eu ouvi o X era bastante selvagem e eu pensei, "Ah, é isso". Tudo começou a partir daí. Comecei a ouvir os CDs de bandas visuais e coisas assim.


── Até aquele momento você não se interessava por música?

Kyo: Exatamente. Eu pensava "Por que existe música?" e achava que era inútil. Havia apenas músicas irritantes nos programas populares de música. A única música que eu gostava que foi tocada num programa popular de música foi "TATTOO" da Nakamori Akina. Eu não sei por que, mas eu só gostava dessa música. Eu acho que ela se encaixa no meu gosto pessoal (risos).


── Por que você decidiu cantar?

Kyo: A maioria das pessoas que eu gostava entre as bandas que eu ouvia eram os vocalistas. Bem, o Sakurai-san não precisa de explicação. E o único guitarrista que eu gostava era o hide-san. Eu achava que ele era legal como artista, eu até mesmo colei um pôster dele no meu quarto e comprei uma guitarra.


── Seu primeiro instrumento foi uma guitarra?

Kyo: É porque eu odiava as flautas doces durante o ensino fundamental (risos). Então eu pensei em tocar guitarra e peguei emprestado algumas partituras de um amigo meu. Eu não consegui tocar X imediatamente e eu só sabia que as músicas eram rápidas. Então eu pensei que eu não conseguia tocar guitarra.


── Você desisti facilmente (risos).

Kyo: Para mim, a primeira vez que eu faço algo, tem que ser divertido. Uma guitarra tem 6 cordas e eu não consigo pressioná-las. Por isso eu pensei "e se eu tentar o baixo?". Ele tem apenas 4 cordas e não tem acordes. Então por um tempo eu gostei de fazer aquilo, mas eu percebi que era como se eu não conseguisse me expressar...


── Você sentiu que não conseguia se expressar usando os instrumentos?

Kyo: Sim, talvez. Eu também não me interessava por piano. Bem, antes eu não me interessava em cantar a música em si. Quando eu penso sobre isso parece coincidência. Mesmo odiando fazer atividades em grupo, eu queria estar em uma banda, então a partir daí eu comecei a cantar.


── Desde o momento em que o Kyo-san passou a se interessar por bandas, você pensava que esse seria o caminho que você iria tomar no futuro?

Kyo: Quando eu comprei uma guitarra eu pensei "esse é o único caminho". Eu, que disse que odiava música estava comprando CDs e cassetes de rádio por vontade própria. Eu pensei que eu as queria, eu pensei que eu queria fazer isso. Então eu pensei que aquilo era a coisa mais importante. Portanto eu disse aos meus pais "Eu não vou fazer o ensino médio".


── Você pensou que não queria fazer algo inútil?

Kyo: Sim. Meus pais ficaram com muita raiva. Eles disseram "Nos dias de hoje você não será capaz de encontrar trabalho sem ir para a universidade. E você não poderá ser nada se você não fizer o ensino médio, então o que você pretende fazer?". Mas eu já acreditava que "esta é a única coisa que eu quero fazer". Para mim, se eu perdesse isso então não havia mais nada que eu quisesse fazer. Provavelmente eu não posso fazer mais nada e por isso eu me tornei essa pessoa realmente inútil. Mas se eu me tornasse essa pessoa inútil então como meus pais mesmo disseram, quando isso acontecer, então, quem vai sair perdendo sou eu, certo? E é por isso que, eu definitivamente não vou perder. Eu acredito que a banda é algo ao qual eu nunca desistirei, e é a coisa mais importante para mim.


Notas:

Imagem meramente ilustrativa, a mesma não é desta revista.

Flauta doce - A flauta doce ou flauta de bisel é um instrumento musical, mais precisamente um aerofone de aresta. Mais informações e fotos no link.


Tradução para o inglês por Risu no Orchestrated Chaos
Tradução para o português por Uka no SABIR BRASIL

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