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Ongaku to Hito - Entrevista solo do Kyo (Junho, 2010)


Um uivo inocente




Mesmo se você gritar, em algum lugar, você será capaz de ver o que está à frente
Não há luz a frente? Algo para o qual você está indo na direção 


Texto por : Yasuyuki Higuchi
Foto: Naoki Ishizaka




A performance do Dir en grey englobou os dias 9 e 10 de janeiro como turnê final do ”UROBOROS”, álbum que foi lançado em 2008, o show foi realizado em um local no qual eles não pisavam há três anos, com uma performance meticulosamente elaborada manifestaram seu extremo som superior, a banda que dá 100% ao tentar expressar sua visão do mundo no palco, explodiu através da sua determinação e força interior. O seu apoio em todo mundo é absolutamente reconhecido, mas mesmo sabendo de todo esse talento e experiência adquirida anteriormente, durante este show foi à primeira vez em que essa realidade se tornou um fato para mim.

Em vez do lançamento do DVD gravado ao vivo “UROBOROS -with the proof in the name of living…‐AT NIPPON BUDOKAN” que evidencia esses dois dias minuciosamente, falava-se sobre a muito procurada entrevista solo com o vocalista, Kyo. A primeira vez em que encontrei a banda chamada Dir en grey foi durante o seu segundo álbum “MACABRE” , por volta de 10 anos atrás, mas essa é uma entrevista que eu constantemente desejava fazer. Desde o início da ascensão dos diferentes tipos de bandas chamadas Visual Kei, as musicas e shows do Dir en grey já ultrapassava outros como uma existência incrédula, era assustadoramente real que você não poderia dizer o que foi catastrófico (catastrófico no sentido de marcar uma época) e que era passageiro. E essa também foi à extrema impressão que o vocalista Kyo me passou. Seus gritos que abalam todo o corpo podem ser ouvidos como gritos de alguém pedindo por ajuda em algum lugar, e é por isso que eu sempre quis saber a razão do porque ele continua a gritar até destruir aquela voz. Eu acho que é porque a essência da musica superior e extrema que essa banda continua a tocar, esta lá.

É raro para ele aceitar esse tipo de entrevista longa sozinho, e por não revelar sua personalidade nem mesmo para o núcleo dos fãs, essa entrevista foi realizada com uma quantidade extraordinária de ansiedade. Ele prontamente responder minhas perguntas sem demonstrar qualquer constrangimento ou hesitação foi de fato algo inesperado. E a resposta para a pergunta pela qual eu procurava por tantos anos, - porque você continua a gritar -, mas do que eu tinha imaginado era sua frágil e genuína personalidade, que foi dito sem disfarce sua conexão com a pessoa que persegue um ideal, parece com alguém que eu desconheço.
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-- É sua primeira capa e primeira entrevista?

Kyo: Sim


-- Obrigado

Kyo: Por nada


-- Então, para começar eu gostaria de falar sobre o show em janeiro no Budokan, por volta de antes e depois daquele show, houve algo de diferente para você, ou melhor, houve algo que você havia determinado/estabelecido?

Kyo: Em primeiro lugar, houve um sentimento de que a expressão do “UROBOROS” estava finalmente completa. A turnê começou no ¹Osaka-jo Hall mas no Budokan eu finalmente fui capaz de fazer um show no qual eu pude ficar satisfeito.


-- Na história da sua banda até o momento, especialmente quando vi o segundo dia, eu achei que foi um show muito importante, mas como foi para você?

Kyo: Deixe-me ver... Havia um sentimento de satisfação e realização. Eu acho que naquele momento fomos capazes de dar tudo de nos. Quanto ao primeiro dia, as pessoas ao meu redor me diziam que foi bom, mas para mim, eu não fui realmente capaz de entrar no clima então eu não pude estar satisfeito. Mas essa avaliação não é realmente importante. Apenas ser capaz de pensar “isso é bom ou não”. Especialmente durante o Osaka-jo Hall, eu estava perdendo minha voz e estava nervoso, mais mesmo assim eu fiz tudo que eu podia, no entanto eu não pude ficar satisfeito com o show. Eu vinha constantemente pensando em me vingar e acho que fui capaz de devidamente cumprir isso (a vingança) no segundo dia no Budokan.


-- O que o fez pensar que você foi capaz de cumprir sua vingança?

Kyo: Hmmm eu me pergunto… Não é a respeito da visão que eu idealizei ou porque eu fui capaz de cantar bem, foi à atmosfera e algum tipo de poder, o qual eu não entendo realmente, que engoliu o local. Também foi o sentimento de harmonia da banda. Foi esse tipo de sentimento.


-- Isso não é algo concreto (risos).

Kyo: ...Naquele momento o que era importante para mim era se algo iria progredir ou não.


--Progredir?

Kyo: Sim, quando algo está progredindo ou mesmo quando você esta concentrando-se numa musica, é como se houvesse esse sentimento de estar sendo libertado. Mas senti como se precisamente no segundo dia de Budokan esse sentimento foi alcançado.


-- Eu quero perguntar mais sobre essa sensação. Falando concretamente o que você quis dizer com “estar sendo libertado”?

Kyo: Hmmmm….


-- Um extremo sentimento de vazio?

Kyo: Isso mesmo. Não havia impurezas. Bem eu normalmente não faço coisas enquanto penso a respeito delas, contudo não era mais revigorante, porém era capaz de expressar-se com um sentimento natural em uma condição mais plana. E isso foi relacionado com a banda com sucesso, e eu fui capaz de me libertar. Por exemplo, quando você está fazendo uma musica, eu sobretudo não penso com a cabeça e sim com o sentimento. Especialmente em shows, eu deixo com a atmosfera daquele momento e sem pensar, faço. E por causa disso, eu posso estar um pouco fora do assunto mais, eu odeio ensaios.


-- Hahahaha.

Kyo: Eu constantemente penso que não há nenhum sentido em fazer ensaios (risos).
Por isso o sentimento de que eu estou fazendo ensaio para os Staffs ao meu redor é mais forte. Pra lhe dizer a verdade, eu acho que se apresentar sem ensaiar não tem problema. Por exemplo, em turnês estrangeiras ou em festivais é um fato que não há ensaios. Você imediatamente se apresenta, e é por isso que o monitoramento de som fica tão desordenado, mas todo mundo se apresentando com aquele tipo de condição, é normal lá. Por isso eu acho que tudo em apresentações é importante, mas no passado eu pensava que as performances ao vivo deveriam ter algo de diferente nelas.


-- E é por isso que você quer cantar num estado impulsivo e ²inexpressivo?

Kyo: Eu faço isso constantemente. Se eu pensar em várias coisas e me preparar, seria ai que a contradição apareceria. É como ver o que está por trás. O que está por trás, ou melhor, quando você vê o porquê você fez algo, não é realmente como uma banda (deve se comportar), ou melhor, eu pensaria que era uma banda criada. É a mesma sensação que ensaios de ³MCs.


-- Em todo caso, o que é importante para o Kyo-san é ser capaz de se apresentar quando você fica inexpressivo em meio impulso e sentimento. E você foi capaz de entrar nessa condição no show recente do Budokan, por isso você pensou que foi um bom show?

Kyo: Isso mesmo.


-- Essa é uma razão muito simples. Mas eu acho que tentar buscar isso, mesmo num lugar tão grande como o Budokan é um aspecto importante dessa banda.

Kyo: Por isso que os artistas que eu gosto não são aqueles que vendem muito (risos)


-- Hahahahaha! Por exemplo?

Kyo: A maioria das bandas antigas do Japão, pessoas que são mais hardcore. Eles não pensam e se apresentam, e sim se apresentam através do sentimento, e não se submetem de forma alguma (para a multidão).


-- Nada artificial.

Kyo: Exatamente. Eu realmente amo esse tipo de naturalidade e eu penso “isso é musica”. E por isso... normalmente quando você está em uma banda, você pensa coisas como “da próxima vez eu quero me apresentar nesse local grande” ou “eu quero vender mais”, certo? Mas eu nunca pensei em coisas desse tipo.


-- Você quer dizer, “o quanto você é verdadeiro com a música” é também a maneira do Kyo-san de lidar com a música.

Kyo: Isso mesmo. Ao se fazer música, normalmente qualquer um pensa “Se eu fizer isso não vai ser bem recebido” ou “se eu fizer isso, não vai vender”, certo? Mas eu literalmente não penso em coisas do tipo. Isso porque eu sempre vejo pelo lado de se é divertido ou não quando faço. Se eu perder isso, então está acabado. Dai estaria tudo bem, mesmo se não fosse eu.


-- O que você quis dizer com “estaria tudo bem, mesmo se não fosse eu”?

Kyo: Somente pensar sobre isso e fazer musica, não é autêntico, pensar em fazer musica fácil de ouvir e de fácíl aceitação são coisas que eu nunca quis fazer. Completamente ignorar a vontade de vender mais e fazer apenas o que você quer e que você tem prazer é natural/autêntico, certo? Mas pensar em querer vender mais e se preocupar com outras coisas além da musica não é natural e autêntico de você, certo?



-- Definitivamente. Mas essa vontade de querer criar musica genuina e ser estimado é algo que todo mundo tem.

Kyo: Não, eu realmente não me importo com a avaliação. Somente se eu posso fazer o que eu penso ser divertido é importante. Honestamente, eu realmente nunca pensei muito a respeito disso. Talvez seja porque eu realmente não tenho muito essa consciência profissional.


-- Bem, por exemplo, no que diz respeito às pessoas que pensam que sua musica é boa e que amam vocês, por querer dar a elas o que elas querem, tem pessoas que pensam nelas enquanto criam músicas, você já se sentiu dessa forma?

Kyo: Eu entendo esse sentimento, mas eu acho que elas também não nos pedem para cantar/tocar esse tipo de musica... É porque eu acho que fazer esse tipo de musica não é algo natural para mim. Eu acho que é porque eles (os fãs) querem que agente pense apenas por nós mesmos e crie musica e é por isso que eu acho que não tem problema que as coisas sejam do jeito que são.


-- Entendo. Mas no show recente do Budokan, Kyo-san gritou “Vamos todos tornarmos um”, certo? Em outras palavras eu acho que isso não é agir sozinho, em algum lugar é também está procurando por um parceiro; Naquele momento porque você disse aquelas palavras?

Kyo: Bem... Provavelmente, havia pessoas que ressoavam o álbum “UROBOROS” lá, certo? Eles sentiram/experimentaram algo. E essas pessoas que tiveram esse tipo de sensação também se uniram, e eu pensei, “não poderia esse sentimento se elevar um pouco mais“ ou "seria bom se todo mundo se intensificasse ou libertasse ao ponto de se sentir livre".


-- Na verdade, houve um grande sentimento de unidade. Eu acho que o elo de ligação entre a audiência e a banda nunca foi tão forte.

Kyo: Nesse dia os membros (da banda) também acharam que algo progrediu. E isso provavelmente foi passado adiante, por isso houve muito mais reação/resposta.


-- Era como se vocês estivessem empurrando (no sentido de dar força) uns aos outros.

Kyo: Tem isso também. Eu faço shows quando quero fazer, então eu quero lidar com pessoas que compartilham desse mesmo sentimento. Do tipo “Vamos fazer isso!”


--Você quer dizer quando você fica inexpressivo/²estado absoluto?

Kyo: Sim, é onde eu sinto a diferença de entusiasmo, porém no segundo dia do Budokan, foi mais próximo do que de costume. Mais ainda não está lá (o sentimento ao qual ele busca).


-- Você também ta pedindo da audiência essa naturalidade/genuinidade?

Kyo: Isso mesmo.


-- É assim também, por exemplo, em um relacionamento com uma pessoa?

Kyo: Aaah... Acho que sim.


Quando ouço bandas que tocam juntas dizer, “A apresentação de hoje foi boa” Eu penso algo do tipo “você realmente achou isso?”


-- Mas, tirando a diferença no entusiasmo, e, além disso, se comunicar com ambos com a mesma naturalidade/genuinidade é muito difícil, certo? Tipo, durante uma conversa normal, você se sentiria mais como se “o que ele ta falando?” ou “mesmo se eu disser isso, ele não vai entender” te estressasse ou te trouxesse um sentimento de desapontamento― (como ele se sentiria numa situação onde ele se perguntasse “o que ele ta falando?” ou “mesmo se eu disser isso, ele não vai entender” isso o estressaria ou o deixaria desapontado. E sim o Kyo o cortou.)

Kyo:Eu não falo com esse tipo de pessoa.


-- Hahahahahha!

Kyo: Eu acharia um lugar para ir em cinco minutos (risos). Eu desisto fácil. Se eu percebesse que ele está tentando entender à outra pessoa (no caso ele), então está tudo bem, mas, mesmo se ele não está conseguindo entender o que eu estou dizendo, mas eu sentir que ele está se esforçando para entender então tudo bem, e se não for essa a situação então fica um tanto cansativo.


-- Mas não é essa a questão no mundo?(no sentido ”não é assim com todo mundo”)

Kyo: Sim. E é por isso que eu não tenho amigos (risos).


-- (risos) Esse tipo de dificuldade em se comunicar ou o sentimento de “eu não entendi isso” ou “eu não entendo essa pessoa”, quando começou?

Kyo: Há muito tempo atrás (risos).


-- (risos) Por favor, me conte sobre quando antes?

Kyo: Bem, sempre foi assim, desde antes. Claro que houve momentos padrões do tipo em que eu estava errado e a outra pessoa estava certa... Contudo eu não me importava mesmo se estivesse errado. Isso porque todos os seres humanos têm personalidades diferentes e também mentalidades diferentes, como esperado.


-- Você realmente teve esse tipo de experiência simultaneamente?

Kyo: Aah... Bem, eu já esqueci a respeito. Mas eu me sentia assim constantemente antes. E é por isso que eu não realmente sinto a necessidade de me adaptar. Por exemplo, no acoplamento de um single, ha alguns anos atrás, nós incluímos uma música ao vivo, eu audaciosamente (no sentido de estar disposto a assumir riscos ou buscar por eles) inclui uma musica onde eu propositalmente destruí minha voz e não pude cantar completamente. Isso porque eu penso que há coisas que não serão transmitidas se não for dessa forma. Mas mesmo coisas que eu pensei que seriam transmitidas não foram completamente comunicadas, e simplesmente foram tomadas como “essa pessoa não pode cantar”. Para as pessoas que vem aos nossos shows por várias vezes, elas entenderiam o porquê nós colocamos propositalmente uma musica que não pode ser cantada, mas se você olha pelo ponto de vista das pessoas que não vem aos nossos shows, talvez elas pensem “você não consegue cantar isso” e esse seria o fim de tudo. Por isso eu penso que coisas que não são transmitidas não serão compreendidas. E isso é algo que sempre esteve lá.


-- Esse sentimento de “não será comunicado/transmitido de qualquer maneira” que você sentia antes, de alguma forma o fez se voltar para banda ou para musica?

Kyo: Eu me pergunto sobre isso... Para mim, eu não me tornei nada, sempre. Antes do meu segundo ano no ensino médio eu não tinha sonhos. Eu não entendia o porquê as pessoas ao meu redor estudavam. Eu sempre pensei “Isso é útil?” se fosse útil então eu entenderia o trabalho duro, mas constantemente eu pensava “tem algum sentido em estudar esse conhecimento inútil apenas para estar hábil a entrar no colégio ou faculdade? e se é assim então não seria uma pessoa que passa seu tempo trabalhando no que ela quer ser, melhor?”... Mais eu também odeio esportes.


-- Você se preocupava com isso?

Kyo: Me preocupava? Era mais como “me entediava”. Eu me entediava com qualquer coisa que eu fazia... Mais durante o tempo em que eu não queria realmente fazer nada, eu me choquei com uma banda. E isso era a única coisa que eu conseguia enxergar.


-- A propósito, essa banda era?

Kyo: BUCK-TICK


-- Que aspecto te chocou?

Kyo: Eu me pergunto... Talvez porque eles não eram comuns. Eu, até aquele momento, odiava musica, quando você ligava a TV, apenas idiotas continuavam a aparecer. Eu só conhecia aquele tipo de musica. Além disso, quando eu ia pra escola as pessoas só falavam disso como “alguma coisa, alguma coisa sobre Hikari GENJI?” e assim por diante. Eu pensava que musica era merda (risos). Mas durante esse tempo eu conheci bandas que transbordava com um espírito rebelde que era completamente diferente daquele mundo, como o X ou o BUCK-TICK. Até mesmo a aparência deles, era surreal, era como algo de outro mundo. Parecia estranho, e foi onde eu gradualmente me meti. E é por isso que eu não falava muito com as pessoas ao meu redor.


-- Então você era solitário nas aulas.

Kyo: Isso mesmo. Era mais ou menos assim quando eu estava na escola. Na escola, você é dividido entre ser bom ou ruim (certinho ou bagunceiro), certo? Mas eu não pertencia a nem uma das duas partes. Além disso, os professores me odiavam. E era por isso que eu não tinha muitos amigos.


-- Geralmente pessoas normais ficam com medo de fazer isso e ficarem sozinhas, então mesmo que elas não estivessem realmente interessadas e até mesmo se houvesse alguém que você não gostasse lá, elas ainda fariam parte do grupo, certo? Então você quis dizer que você não fazia isso?

Kyo: Sim. Nesse caso eu não me importava de estar sozinho. E por isso, desde aquele tempo isso não mudou. “se você não me entendeu então não importa se você não me entendeu”.


-- Essa é literalmente a postura do Dir en grey (risos).

Kyo: Isso mesmo. Por isso eu penso que quero dar importância as pessoas que dizem que realmente amam o que nos somos atualmente.


-- Certo, Eu vou perguntar a respeito de depois que você foi chocado por uma banda, depois que você encontrou com o conceito de bandas, quando você pensou que esse era o seu lugar?

Kyo: A partir do primeiro momento em que eu me choquei. Do momento em que eu não tinha formado uma banda. Mas, quando eu formei uma banda, uma coisa parecida aconteceu. Eu sou de Kyoto e naquele tempo, as bandas do cenário de Kyoto era um pouco diferente, todas as bandas eram amigas. Eu odiava isso.


-- Hahaha.

Kyo: As bandas eram amigas umas das outras. Mesmo se eles se separassem eles definitivamente se encontrariam nas proximidades (no sentido de sair juntas). Eu definitivamente odiava isso. A banda que eu tinha idealizado, não era algo desse tipo. Todas elas são suas inimigas, e elas não eram mas estão tendo um sentimento mais tenso.


-- Para simplificar, você sentiu que era semelhante a uma turma na escola?

Kyo: Bandas naquele tempo faziam coisas do tipo, ir para festas com os fãs depois dos shows, mas eu não entendia o sentido. Eu pensava constantemente “porque deveríamos sair para beber com os fãs?“ Mas aparentemente, aquilo era um fato. Eu pensei, “você está numa banda, você faz musica, você faz shows, mas há realmente algo, além disso?” Eu não falava realmente com a maioria dos fãs e era difícil mesmo se eles fossem para as festas. Eu odeio essa conclusão/apoio então, eu saí de Kyoto e fui para Osaka.


-- Entendo. A propósito, independente disso, a banda em que você estava naquela época era divertida?

Kyo: A banda era legal. Era interessante, não importa o que fizéssemos. Claro que naquela época nós literalmente não sabíamos como compor musicas e estávamos no nível de, “como nós encontraríamos membros?” Mas enquanto estávamos criando e fazendo cópias de panfletos, eu desfrutava da sensação de mesmo que um pouco estávamos nos aproximando das bandas que admirávamos. Mais honestamente, naquela época eu não pensei que conseguiríamos vender.


-- Apenas aproveitando a banda e a musica.

Kyo: Sim, eu aproveitei; Eu não fiz nada de diferente disso. Por isso... Até mesmo agora eu me lembro.
Durante o primeiro show da minha primeira banda, eu fiquei puto com as pessoas que ficaram sentadas tagarelando no fundo. “se você não quer assistir então, por favor, vá pra casa”. Naquele momento, eu disse isso.


--Hahaha. Independente disso, você não perdoa coisas que interfere com seus próprios sentimentos genuínos?

Kyo: Isso mesmo. Por exemplo, bandas que tocam juntas diriam “o show de hoje foi bom”, certo? Toda vez (que ele ouve isso) eu pensaria algo do tipo, “você realmente achou isso?”.


-- Você também não consegue perdoar apenas esse tipo de conversa superficial.

Kyo: Eu não preciso desse tipo de amigos.


-- Esse tipo de sentimento negativo também era refletido na musica que você fazia naquele tempo?

Kyo: Sim. As letras e som/musica já eram o principal. Em todo caso, era sombrio. Até agora eu só fiz esse tipo de musica. O tipo de musica “vamos todos ser felizes” é desolado/sem vida. Basicamente, eu não suporto.


-- Então depois que você se mudou de Kyoto para Osaka e estava fazendo suas atividades, o Dir en grey foi formado.



Kyo: A banda anterior, ativa em Osaka, eu fiz aquilo por apenas um ano, em todo caso eu não estava realmente interessado em pessoas de outras bandas. Mas quando tocamos com outra banda, eu fui de alguma forma atraído para o Toshiya (baixista). Naquele momento, pra variar, eu fui o primeiro a falar com ele (risos). Eu virei amigo dele. Então eu pensei que eu queria tocar numa banda com ele.



-- Porque você quis ser amigo dele?

Kyo: Por alguma razão, ele estava vermelho (no sentido de ser tímido).


-- Mas para o Kyo-san, mesmo se você pensasse dessa forma, você não é do tipo que não se aproxima de alguém em primeiro lugar?

Kyo: Bem, Eu gosto de falar com pessoas que eu penso ser legais. E dessa vez, excepcionalmente, eu pensei que esse cara era legal.


-- Você lembra o que você disse para ele?

Kyo: Eu não lembro (risos). Eu acho que provavelmente foi em Nagano ou alguma casa de show. Mas de alguma forma eu lembro que eu tava realmente nervoso quando me aproximei dele.


-- Toshiya-san também não parece o tipo de pessoa que gosta de conversar.

Kyo: Hahahaha! Sim, você está certo.


-- Então foi estranho no começo?

Kyo: Bem, ele também parecia interessado na gente e nós imediatamente nos tornamos amigos.


--Isso é surpreendente/estranho.

Kyo: Sim, foi realmente estranho/surpreendente. É como quando eu tentei falar com ele, eu pensei “nos nós compreendemos, como eu esperava”. Mesmo depois disso, não houve nem um estranho sentimento de colusão, e nunca se tornou uma relação tensa e foi um sentimento perfeitamente natural. De alguma forma falamos em como seria legal se fizéssemos algo juntos.


--Se esse encontro não tivesse acontecido; então esta banda não estaria aqui [o Dir en grey]

Kyo: Talvez.


-- A propósito isso começou com duas pessoas difíceis de lidar socialmente que de alguma forma conseguiu falar uma com a outra e se deram bem. Essa é uma banda que nasceu de uma relação humana.

Kyo: Correto.


-- Depois disso, você lembra como foi a primeira vez que vocês cinco fizeram musicas juntos?

Kyo: Como foi... Nós estávamos muito ocupados quando começamos a banda.


-- Ah, repentinamente.

Kyo: Logo depois que formamos a banda, o escritório de Tokyo nos ligou e disse “Vocês poderiam vir aqui?” Nós não tínhamos dinheiro e fomos para Tokyo, e logo estávamos falando em fazer um mini álbum. Mas como não tínhamos musicas, nós passamos à semana entocados em um lugar e criamos (musica). E era assim que era logo após formamos a banda; Não tínhamos o luxo de pensar sobre o futuro no inicio. Mas, quando fazíamos shows, nós sempre tínhamos os ingressos esgotados.


-- Isso não faz sentido, certo?

Kyo: Independente disso havia muitas coisas que tínhamos que fazer. E antes de eu notar nos tornamos Major. Foi desse jeito. E por isso não parecia real. Mas me pergunto o porquê que eu não tinha dinheiro para comer (risos). Contudo, mesmo assim a banda era legal/divertida, e as condições eram também boas. Nossos shows constantemente vendiam e logo tocamos no Shibuya e no Sun Plaza (Nakano Sun Plaza)


--Quando isso aconteceu, a algum tempo atrás você mencionou que você não pensou em vender mas o fato é que vocês gradualmente vendiam, certo. E, além do mais, logo depois de formar a banda. Naquele tempo o que você estava pensando enquanto fazia isso?

Kyo: Eu provavelmente não tava pensando em nada. Naquele tempo eu tinha planejado pensar firme a respeito disso, mais quando olho pra trás eu vejo que eu era ingênuo a respeito de muitas coisas. No entanto, quando olhava para as bandas ao meu redor, não havia nem uma banda que eu achava ser legal. E por isso não era uma questão de ganhar ou perder ou vender e não vender, já que não havia nem uma banda que eu achava que era legal, em contraste eu pensava que talvez nós pudéssemos fazer isso.


-- Quando ouço algo a respeito de um episodio dessa época, tinha também felicidade e diversão quando você estava na banda, certo? Então definitivamente não era apenas um sentimento negativo. E durante esse tempo, o Kyo-san não sentiu como se seus sentimentos estivessem se abrindo? Como tendo um desejo ou um futuro brilhante?

Kyo: Um desejo ou de preferência... Bem quando o Dir en grey foi formado, eu só pensava em “talvez possamos fazer coisas interessantes”. Mais eu nunca senti estes sentimentos. (em relação aos sentimentos que o Higuchi havia dito)


-- E isso nunca mudou.

Kyo: Isso mesmo.


-- Por exemplo, mesmo durante os shows recentes do Budokan, houve momentos entre as musicas em que você estava gritando continuamente, essa é claro a maneira mais simples de expressar os sentimentos negativos que está sempre dentro do Kyo-san, certo?

Kyo: Correto.


--Mas gritar continuamente. Tem sido dessa forma desde que eu te conheci. Para colocar de forma simples, “porque você grita tanto?”

Kyo: Isso não é simplesmente porque eu gosto?


-- Isso é algo que não pode ser feito com um sentimento tão simples como um “gostar”.

Kyo: Gostaria de saber...


-- E o que eu penso depois de tudo que eu ouvi a respeito do que você falou até agora é que talvez para o Kyo-san essa é a forma mais verdadeira/simplória de se comunicar.

Kyo: Você quer dizer gritando?


-- Sim. A expressão do Kyo-san baseia-se em raiva e sofrimento/tristeza, e desde o começo esses sentimentos são algo que as pessoas não conseguem entender e o resultado é um tipo de depressão com coisas impuras/imperfeitas. E para as pessoas que carregam os mesmos sentimentos que querem gritar mais não podem, você grita por elas.

Kyo: Ah


-- Por isso eu acho que esse tipo de sentimento de caráter único nasceu nos shows. Em outras palavras, era também uma comunicação muito pura.

Kyo: Ah, sim, de alguma forma eu me sinto da mesma maneira. Não é como se eu focasse nisso e gritasse... Mesmo quando eu grito; você pode, é claro, ver o que está adiante.


-- O que está adiante?

Kyo: Isso pode soar um tanto sentimental, mas a sua frente você pode ver uma luz e assim por diante, certo? Como o sentimento de estar se aproximando de algo. Está lá. E eu acho que isso é realmente importante.


-- E é por isso que você nunca pensou em cantar de maneira suave (coisas felizes e positivas).

Kyo: Sim, coisas alegres e contentes me causam uma reação adversa. Eu pensaria “não existe algo como isso” tipo, não existe tal coisa como luz absoluta. Eu sinto como se fosse mais importante ver algo realmente doloroso e o sentir do que ver algo alegre e contente e me tornar de alguma forma feliz. Eu acho que tentar ver o lado oposto da dor e de coisas tristes é mais importante.


-- Em outras palavras você realmente foca na existência da luz.

Kyo: Sim


-- Além disso, porque você não quer ser traído por essa existência da luz, você não consegue simplesmente acreditar nela.

Kyo: Eu acho que estas coisas estão lá em algum lugar. Nós fazemos esses tipos de show, mas nos faria feliz se as pessoas que os assistissem se sentissem aliviadas ou salvas. Mais se sentir salvo depois de assistir ao nosso show e assistir ao show só pela diversão e se sentir salvo tem significados completamente diferentes.


-- Em outras palavras, você quer acreditar apenas nessa luz?

Kyo: Ah, talvez.


-- Você não deseja uma luz superficial porque você quer ver a luz verdadeira. E é dessa mesma maneira que o Kyo-san se envolve com as pessoas.

Kyo: Isso mesmo.


-- Nesse sentido, eu acho que o recente show do Budokan foi também um show onde pareceu que você foi capaz de alcançar algo que estava à frente (que ultrapassava) da dor . Em outras palavras, a banda como sempre, continua a tocar musicas que contém uma emoção negativa, mas as pessoas que poderiam ter empatia por você, cresceu até esse nível. Além disso, enquanto você ganha experiência e idade, aos poucos você se torna vulnerável para com as coisas que você tem negado, desconfiado e não podia perdoar até agora.

Kyo: Bem, me pergunto a respeito disso. Eu não sinto realmente isso... Mais mesmo se isso aconteceu é algo perfeitamente natural.


-- Além do mais quando você vai envelhecendo, você não simplesmente fica cansado de ficar com raiva? Embora essa tenha sido a força que os levava no passado.

Kyo:... Eu odeio as coisas que odeio, eu amo as coisas que amo. Isso não mudou, nem mesmo agora. Mas isso não é algo fácil? Odiar as coisas que você odeia e se livrar/romper com isso. É por isso que ultimamente ao invés (de romper/se livrar), eu tento agir com cautela e faço o possível para perdoar as pessoas que eu achava odiar.


--De verdade?

Kyo: Isso não é muito cansativo? Perdoar as pessoas que você odeia, pessoas que fizeram coisas ruins com você. Mas não faço isso para essas pessoas e não importa o quê, mas faço por mim. Também quando alguém diz “Você amoleceu” eu penso, “eu não amoleci” ao mesmo tempo, eu pensaria que de alguma forma, ter o próprio pensamento de odiar algo de alguma forma, fez as coisas serem mais fáceis para mim? Se for assim, até mesmo isso, é cansativo, eu tentarei perdoar, e eu me pergunto o que será do meu próximo eu. E nesse sentido eu acho que há partes em mim, que aos poucos estão mudando.


-- E desde quando isso começou?

Kyo: Quando...? Acho que foi por volta de quando eu fiz 30 anos, como esperado. Até então, a partir do momento em que eu odiasse uma pessoa, não havia nem uma forma de eu gostar dela.


-- Hahahahahaha!

Kyo: Não importa o quanto aquela pessoa desse o seu melhor, já seria impossível. 100% impossível, isso porque eu o odiava. E é por isso que para mim, era muito difícil perdoar alguém que eu viesse a odiar dessa forma mas se eu superasse isso talvez eu enxergasse algo. É por isso que por enquanto, eu perdôo pessoas de até 25 anos que não conseguiram nada ainda (risos).


-- Dessa forma, aos poucos, a existência da tristeza e raiva dentro do Kyo-san, também mudariam, certo?

Kyo: Talvez tenha mudado. Mais eu não penso muito a respeito disso.


-- Você provavelmente não pensou em mudar mais você não disse “Você verá algo á frente”. É algo do tipo ser atualizado ou de preferência; Eu diria que é superar a si mesmo.

Kyo: Uh, isso mesmo. Eu sou um masoquista então eu gosto dessas coisas.


-- Do tipo?

Kyo: Superar algo, por exemplo, quando eu componho músicas eu constantemente penso, “tem algo mais/além disso?” Mesmo quando eu crio a melodia, eu constantemente penso “não há algo que apenas eu possa fazer?”


-- Em outras palavras, como coisas que são únicas para você?

Kyo: Eu sou muito possessivo com minha personalidade/identidade. Desde antes eu odiava quando alguém dizia “parece com alguém” em relação às músicas que eu fazia, e por isso eu estava sempre com a crescente necessidade de achar coisas que apenas eu pudesse fazer.


-- Mais eu acho que a banda não foi pega numa posição amaldiçoada de “parece com alguém”.

Kyo: Bem, agora não fazemos musicas causadas por uma reação desse tipo. Mas nos sentíamos assim, um ou dois anos antes de nos tornarmos Major. Houve também um período em que as influências dos artistas que nós gostávamos apareciam, e isso é algo que eu pessoalmente não consigo perdoar/deixar acontecer. Agora, pra colocar de forma simples, eu acho que definitivamente existem ainda mais expressões que apenas eu posso fazer e eu estou à procura disso em mim.


-- Mas sua banda alcançou o nível em que você não precisa ser tão peculiar em relação a você mesmo, certo?

Kyo: Não, eu odeio isso. Mesmo se eles disserem “apenas por estar lá faz de você, você”, eu negaria (tomaria isso como errado). Isso porque eu constantemente quero encontrar o “tem que haver algo há mais de diferente em mim”. Fazer isso é divertido e se eu não o fizer então não serei capaz de enxergar o que está á frente.


-- Então que tipo de pessoa é você atualmente?

Kyo: Eu me pergunto? O que sou eu? Honestamente, não tenho idéia. Como eu poderia dizer isso... É como, eu também disse isso agora mesmo, eu não quero pensar “isso ou esse sou eu” o tempo todo. Eu quero pensar de uma forma nova “eu também sou essa pessoa”. Eu não quero ser uma pessoa que pode ser facilmente declarada como “o Kyo do Dir en grey é esse tipo de pessoa”. Eu não realmente me importo com o que eles podem pensar da minha personalidade mas eu não quero que eles me declarem dessa maneira como vocalista. E por isso eu estou fixamente à procura de algo.


-- Você não sentiu como se finalmente tivesse se achado na sua busca constante pelo seu “eu” no show do Budoukan em janeiro?

Kyo: Bem... Mais isso já foi em janeiro.


-- Hahahaha! Então já é velho (risos).

Kyo: Sim. No atual momento eu já estou fazendo músicas, e nesse momento eu já superei o álbum anterior dentro de mim.


-- Isso é um “novo” sentimento?

Kyo: Eu não sei se é novo ou não, mais sinto como se tivesse superado o meu eu anterior. Eu acho que eu superei, e isso é interessante, as pessoas não dizem “era melhor naquela época” ou “se for pra falar dessa banda então é esse álbum?” Eu odeio isso. Eu odeio se eu não puder constantemente aperfeiçoar. E essa é uma grande parte do “Quero me tornar esse tipo de banda”. E por causa disso, coisas há ser jogadas fora são coisas que se tornaram uma superfície inútil.


-- Isso porque, se você não jogar fora a bagagem desnecessária ela se tornará fatigante, certo?

Kyo: Sim. E é por isso que até mesmo agora a necessidade de expressar a dor não mudou, mas... Eu acho que ainda ser capaz de conseguir fazer isso de forma natural, trás uma sensação boa. Isso porque a cada ano que você se torna mais velho e traça um objetivo e cria musica, eu acho que a banda definitivamente se corrompe (por estar seguindo um padrão). Mesmo as pessoas que vivem felizes e que não se sentem sozinhas ou tristes, eu acho que elas se sentem do tipo, “onde está a escuridão”. Porque o Dir en grey expressa essa parte, do contrario você se sentiria a vontade/confortável. Ou melhor, eu acho que uma existência saudável é quando você pode reafirmar (sua existência) através da ousadia em expor coisas que foram seladas pelo mundo, se nós pudermos fazê-lo naturalmente.


-- O quanto você quer ser especifico a respeito desse tipo de expressão?

Kyo: Pela razão de... Mais do que olhar para o mundo e ver as coisas erradas... é uma expressão mais pura, que você se sinta como um ser humano. Isso é algo que eu claramente não quero explicar, isso pode parecer não ter nada haver, mas, eu quero expressar alguma coisa que deixaria algo como uma imagem que surge na sua mente depois de você ler. Mas é mais que isso, você sente como se fosse algo que vai num nível mais profundo do que coisas pessoais como a dor. Não uma ferida superficial. Parece estar a caminho de uma ferida mais profunda encontrada na humanidade.


-- Nunca foi concreto ou fácil de entender.

Kyo: Claro que comunicar algo é importante. Eu também acho que ter uma mensagem é algo importante. É como sentir a mensagem mesmo se não houver uma imagem como explicação. Eu gostaria de ser capaz de escrever letras que se aproximassem desse tipo de expressão, como uma pintura ou uma foto.


-- Como uma expressão mais natural/autêntica.

Kyo: Isso mesmo.


-- O que eu tenho pensado depois de nossa conversa até agora é que essa pessoa é realmente genuína (risos)

Kyo: Não, no que diz respeito à música (risos)


-- Não, não. Já que você é uma pessoa que coloca tudo de si na musica, eu quis dizer que você é uma pessoa genuína.

Kyo: Apenas simples. Mas essa é a única coisa em mim. Eu penso constantemente que não há sentido se eu não aproveitar minhas chances por meio disso.


--Isso mesmo, por isso que eu acho que uma pessoa que foca num objetivo é alguém muito genuíno ou real em um nível em que você pode dizer que é também uma mão cheia. Normalmente as coisas se corrompem/sujam. Se tiver coisas puras vivendo fosse um fato e essas coisas fossem colocadas na minha caixa de vidro e fossem cuidadas, então não haveria conexão/interação com as pessoas e se tornariam realmente solitárias. Esse já é o significado da morte, certo?

Kyo: Isso mesmo.


-- Eu acho que se você não quer morrer, então a única coisa que você pode fazer é se sujar. Mais aquele que não pode permitir (perdoar) isso é o Kyo-san

Kyo: Exatamente....


--Por exemplo, eu já disse isso anteriormente mas, quando se é sensível a falha no entusiasmo, com a audiência quando você faz shows também é assim? Se fosse algo normal então você pensaria “essa é a maneira que é”

Kyo: Provavelmente sim. Se eu normalmente o fizesse, eu entenderia o “essa é a maneira que é” mais não importa o que, eu não consigo perdoar isso (risos)


-- Mesmo quando você grita “Vamos todos tornarmos um” durante o MC. Esse é literalmente aquele sentimento, certo?

Kyo: Sim.


--Mais não se tornarão um perfeitamente como você havia imaginado. E esse tipo de solidão é algo que eu não deixo de perceber, não importa o que... E o Kyo-san escreveu uma musica a respeito disso, certo?

Kyo: ...sim, eu acho que teve uma


-- Na musica sentimental/triste “porque eu to triste quando você está ao meu lado. Porque não podemos nos tornarmos um?” "ao menos eu mudei o agora para minha voz”. Em algum lugar, alguém exige de maneira consistente esse tipo de relacionamento forte e absoluto, certo?

Kyo: Hmmmmm... Eu realmente quero acreditar nas pessoas, isso porque eu quero acreditar nelas. Em querer e ser querido. Há coisas que não podem ser expressas com palavras mais que são sentidas, certo? Mas é muito triste quando você vê que em certos aspectos não é bem assim. E é por isso que a brecha no entusiasmo nos shows é também algo que dói só de ver.


-- É por isso que essa pessoa grita. Foi isso o que eu pensei quando vi o show recente do Budokan.

Kyo: Provavelmente.


-- E é por isso que pode ser visto e ouvido como algo violento e viciante, mas que tem emoções muito puras por dentro. É um fato que as pessoas não podem se tornar uma. Ou melhor, é uma época onde o relacionamento entre as pessoas gradualmente se torna mais frágil, certo? Mas mesmo assim eu acho que o Dir en grey é aquele que expressa emoções que são mais do que uma pessoa que vale a pena machucar, lamentando, odiando e com raiva.

Kyo: Sim.


-- Isso pode ser pessoal mais, esse sentimento de não conseguir se tornar um com outra pessoa, eu realmente senti isso quando era criança. É claro que haverá momentos em que nos iremos nos separar, e nos tornarmos mais e mais distantes, mesmo assim, até agora que eu vivi e vim a entender isso, quando eu tive um filho, meus sentimentos se tornaram mais puros e eu me tornei mais sensível/fácil de ferir. É por isso que reverbera para mim como esse tipo de música.

Kyo: Ah... Como seus sentimentos de amor ou importância, se tornam mais e mais fortes, é triste e agonizante. Isso mesmo.


-- É por isso que as músicas do Dir en grey são tristes e obscuras

Kyo: Sim, isso mesmo.


-- Por causa da genuinidade você não pode evitar gritar. Eu acho que é isso... O que você acha? Você acha que você se machuca fácil?

Kyo: Sim (risos)


-- Você não odeia esse tipo de personalidade?

Kyo: Bem, eu realmente odeio. Eu acho que pessoas que riem tolamente para qualquer coisa que os outros dizem para elas, é mais fácil. Mas eu não quero me tornar esse tipo de pessoa. E é por isso que mesmo que eu odeie essa personalidade, ainda assim eu não quero me tornar uma pessoa que não se importa com a razão. E é exatamente por isso que viver é cansativo.


--É o grito dessas pessoas.

Kyo: É por isso... Não existe muita gente que comete suicídio no mundo? Todos diriam que elas são estúpidas ou fracas mais... Eu acho que eu realmente entendo o que as pessoas que cometem suicídio sentem... Eu acho que há muitas pessoas genuínas.


-- Alguma vez você já pensou em mudar essa personalidade?

Kyo: Não, eu sei que mudar seria impossível. Se fosse possível mudar então já teria mudado há muito tempo atrás. Mas só sei que é impossível porque eu sei que isso é a minha base. Honestamente eu imediatamente acredito nas pessoas, eu acredito 100%, e no momento em que eu vejo que essa pessoa só acredita em 50% eu fico realmente chocado; e por causa disso eu penso “uh, como esperado” e por isso eu não quero acreditar facilmente nas pessoas e não consigo acreditar. Mas... Eu acho que há uma parte em algum lugar em mim que ainda quer acreditar, até mesmo agora, eu acho que esses tipos de pessoas talvez existam. E no momento em que eu desistir disso, eu me pergunto o que seria de nós humanos.


-- Isso mesmo.

Kyo: Mais quando você tenta olhar ao seu redor, não há lá muitas pessoas que vivem apenas por etiqueta social ou apenas por superficialidades? Eu penso “o que são vocês?” "é isso que você chama de viver?” isso porque eu acho que as pessoas não são assim, e deveriam viver de acordo com seus sentimentos reais, e acho que isso é melhor e isso tornaria o mundo melhor e mais habitável/tolerável.


-- É por isso que você tenta pedir 100% de conexão nos shows. Houve tempos em que esse sentimento de “esse foi um bom show” e seus sentimentos pessoais se chocaram?

Kyo: Sim. Isso está conectado com aquilo. E por isso quando há pessoas que levantam suas mãos e assistem... Eu me sinto frustrado.


--Você não consegue perdoar.

Kyo: Eu pensaria “o que você esta fazendo!” mas isso já foi dito há muito tempo atrás, quando as pessoas diziam “essa é a forma que os shows são” eu fico frustrado. Eu quero acreditar que é diferente.


-- Em outras palavras Kyo-san, você se machuca toda vez que isso acontece?

Kyo: Sim. Eu acho que isso é uma merda.


-- É por isso que eu acho que o Dir en grey é ótimo/inacreditável.

Kyo: Isso mesmo. ... Mas, durante os shows e quando estamos fazendo musicas, o coração e mente dos membros são os mesmos, certo? E isso é o que me salva. E ter pessoas se reunindo lá, é porque coisas que são expressas apenas com o som são comunicadas nessa proporção. Eu acho que muita coisa é salva por causa desse aspecto.


-- Sabendo da fraqueza daquele que pode ser machucado com facilidade e não virar a cara para isso, ao invés disso você transforma sua batalha contra isso em musica. O tema dessa entrevista era se aprofundar na personalidade do Kyo-san mas quando se resume tudo, se chega a conclusão que você é uma pessoa que se machuca fácil, estou certo(risos)?

Kyo: Hahahahhaha. Mais de fato, isso é verdade. Ser sensível (que se machuca fácil), eu não consigo perdoar esse tipo de personalidade. Se irritar com tudo, mesmo coisas pequenas. Não há homens velhos que fumam na cidade e simplesmente jogam os cigarros em todo lugar? Eu quero mandar-los parar com aquilo e dizer o que penso a respeito deles (repreende-los), mais eu não posso fazer isso, e então, depois que eu chego em casa, eu fico realmente com raiva. Eu fico com raiva de mim mesmo e não daquele homem velho “Porque eu não disse nada?” eu sei que é ruim e que esse tipo de pessoa está crescendo mas eu realmente fico com raiva de mim mesmo por não poder repreende-los.


-- Normalmente você não se irrita com tudo dessa forma, ou de preferência, é como dar a si mesmo um desculpa para não mandá-los cair fora/parar com aquilo.

Kyo: Isso mesmo, você não quer brigar a respeito de algo que você não pode mudar, certo? Eu acho que essa é uma maneira fácil de se viver, eu acho que está tudo bem (em ser assim) mas por alguma razão não estou habituado com isso. É nojento, o que há dentro de mim.


-- Mas, quando penso sobre todas as coisas que o Kyo-san me disse até agora, eu acho que há mais pessoas que agonizam todos os dias do que o que agente esperava, e para mim, porque você direcionou isso para a musica isso adequadamente salva esses tipos de emoções de verdade, por isso eu penso que isso é música que pode ser entregue/distribuída para diferentes tipos de pessoas.

Kyo: Isso mesmo. Seria bom se as pessoas pudessem entender isso mesmo que um pouco.


-- Existem provavelmente pessoas que só conhecem a imagem assustadora (do Dir en grey).

Kyo: É por isso que eu acho que vocês entenderiam se viessem para os nossos shows.


-- Sim. Uma ultima pergunta, o que é cantar para você agora?

Kyo: Cantar para mim... É algo que põe forma na minha expressão, e é algo que eu me choco contra (no sentido de bater) em tempo real. Recentemente eu também tenho tido esse sentimento de desafiar a mim mesmo. Como posso dizer isso? Isso pode parecer com uma mentira mais, é provavelmente tudo. É meu tudo. Diretamente amarrando tudo ao cantar, esse é o sentimento (é assim que ele se sente).


-- Essa é sua felicidade absoluta?

Kyo: Eu acho que sim, sim.


-- Eu acho que há muitas pessoas que querem ser dessa forma e que quer colocar a si mesmos no meio dessa expressão, isso não é limitado a música. Visto nessa luz, o presente Kyo-san ser capaz de fazer isso e ainda mais tendo essa quantidade de pessoas que sentem empatia com isso é extraordinário. Mesmo que não seja um tipo de musica doce (risos).

Kyo: Isso é verdade. Mais não há nem um tipo de sentimento/realização atual que eu fui “abençoado com” (risos).


-- Hahahaha. Bem quando você começar a pensar dessa forma não será mais o Dir en grey.

Kyo: Exatamente. É como quando eu estou satisfeito (depois de comer) e penso “meu estomago está cheio” então é o fim. Mesmo se eu pensasse assim por uma fração de segundo, no dia seguinte eu pensaria “huh?” Eu não devo forçar a mim mesmo a fazer música e sim eu tenho que fazer (porque eu quero) enquanto estou animado/emocionado. …Bem, isso porque é algo que eu sinto prazer em fazer, então está tudo bem (risos)



Notas:
¹ Kyo ta falando da turnê UROBOROS -breathing- que começou no Osaka-jo Hall em 29 de Dezembro de 2008, e foi a primeira turnê oficial do UROBOROS.
² Presságio budista que fala sobre a manifestação do absoluto, que não tem forma, nome ou atributo, porque o absoluto segundo o presságio é a totalidade de todas as formas e de todos os tipos, físico e mental.
³ MCS = Mestre de cerimônia o encarregado do andamento de uma cerimônia no literal, mas tambem é quando um cantor fala durante os shows.
⁴ Individuo com medo excessivo de interação social, devido a algum tipo de rejeição ou escolha pessoal. Apresentando uma ou diferentes formas de desconforto quando perto de outras.
 Ele cita partes da letra da música “Ware, Yami tote…” do “UROBOROS”.


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