Dir en grey tocando no Trees nos EUA em 5 de dezembro. Foto por Loyalkng.com
Entrevista com Kaoru e Die do Dir en grey sobre a turnê do álbum 'DUM SPIRO SPERO'
O último álbum do Dir en grey se chama Dum Spiro Spero, uma frase latina que significa "Enquanto eu respirar, terei esperanças". Esperança é algo difícil de associar à este quinteto sombrio de Osaka, cujos trabalhos anteriores incluem "child Prey", "Repetition of Hatred" e "Agitated Screams of Maggots".
Mas, se o sucesso é o negócio deles, então o negócio está prosperando. Recém saídos de shows na América do Sul e México, o grupo está em turnê os EUA e Canadá até 23 de dezembro, e fará um show de
grande destaque no Irving Plaza em Nova York na segunda-feira (12 de dezembro). Nesta entrevista exclusiva, eu me reuni com os guitarristas, Kaoru e Die, para discutir sobre os seus fãs, que são consideravelmente muitos em todo o mundo, o desprezo pelo seu governo após o Grande Terremoto no Leste do Japão e os seus pensamentos sobre os atuais protestos nos Estados Unidos.
── Dizem que a arte da capa do DUM SPIRO SPERO representa Tara, a Salvadora, no budismo tibetano. Qual foi a inspiração para isso?
Kaoru: Pra ser honesto, a idéia original não tinha nada a ver com o budismo tibetano. Nós simplesmente queríamos capturar algo real e cru. Decidimos utilizar uma fotografia ao invés dos gráficos como de costume e assim criamos a capa atual.
── O Dir en grey ganhou um grande público ao redor do mundo sem ter que depender de músicas com um som "pop" ou até mesmo músicas em inglês. Qual vocês acham que é a razão para isso?
Kaoru: Eu acho que atraímos fãs leais pelo fato de que não somos mainstream.
── Houve algum momento que lhes surpreenderam em relação ao apelo internacional do grupo?
Die: A primeira vez que tocamos na Alemanha foi uma experiência e tanto. Os ingressos para o show haviam se esgotado e havia muitos fãs, muito mais do que qualquer um de nós esperava. Definitivamente ficamos chocados ao chegar ao local e ver todas aquelas pessoas lá. Eu acho que até hoje nós continuamos nos surpreendendo. Ver todo mundo toda vez que fazemos um show se tornou parte do que nos mantêm.
── O Dir en grey tem sido rotulado como uma banda que tem o seu próprio gênero. Como vocês descreveriam o estilo das suas músicas neste momento?
Kaoru: O que nós tentamos representar através da nossa música se origina em todas as partes negativas e feias de um ser humano.
── Diz-se que a banda é inspirada pela dor, tristeza e raiva quer seja pessoalmente experienciado ou testemunhado em outros. Já que a banda tem sido sincera sobre os seus sentimentos sobre a situação nuclear atual no Japão após o desastre de Tohoku, a banda planeja gravar um novo material que lida diretamente com esta questão, por exemplo, um provável álbum conceitual?
Die: As coisas que nós víamos como parte da rotina no passado agora parecem mais importantes [do que nunca]. Agora nós nos aventuramos à cada dia, à cada novo encontro, à cada show que fazemos, com tudo que nós temos. Em relação ao conteúdo do nosso trabalho, não temos planos de fazer nenhum álbum conceitual no momento, mas o incidente nos tocou profundamente em nossos corações e nos influenciou de muitas maneiras.
── Kaoru, no mês passado você disse em um comunicado à imprensa, "Tem sido assim sempre, mas eu sinto que em todos os sentidos agora mais do que nunca, o Japão é um país cheio de mentiras. Cabe inteiramente a cada pessoa determinar o que é verdade". Qual foi a resposta do governo japonês e outros na mídia e indústria musical depois que os membros do Dir en grey se pronunciaram?
Kaoru: É triste dizer, mas nada mudou desde então. Parece que as coisas estão piorando, mas a situação em nosso país natal é imutável. Se continuar desta forma, provavelmente, chegaremos à um ponto onde as coisas vão ficar bastante complicadas.
── Houve alguma outra banda no cenário musical japonês que fez algo semelhante?
Kaoru: Existem muitos artistas no Japão que ativa ou indiretamente esporam as suas preocupações sobre esta questão das suas próprias maneiras.
── A banda ainda revelou um outdoor no Times Square e um site em inglês dedicado ao movimento Scream for the Truth. De que forma os seus fãs contribuíram para compartilhar esta mensagem?
Kaoru: Há muitos fãs que estão preocupados com a situação pelo que nós vemos on-line através do site. Muitos fãs têm perguntado como eles podem contribuir ou divulgar o Scream for the Truth. O nosso objetivo é reunir o máximo de informações possíveis, por isso se você tem alguma coisa para compartilhar envie para nós.
── Você acha que o Dir en grey está se tornando uma banda mais sócio-política como resultado disso?
Kaoru: Não, absolutamente não. Enviamos a carta aberta simplesmente como cidadãos do Japão. Era uma questão de vida ou morte. Tínhamos perguntas e queríamos saber se iríamos sobreviver ou não.
── Quais são os seus sentimentos em relação ao J-pop mainstream?
Kaoru: Pessoalmente, eu não estou muito interessado na música pop, mas eu também não sou contra o que eles estão fazendo. Eu também acredito que é por causa dos artistas na cena mainstream que somos capazes de fazer o que estamos fazendo e estarmos onde estamos.
── Os seus shows têm uma reputação muito interessante. O quê podemos esperar da sua turnê norte-americana?
Kaoru: Como você sabe, acabamos de lançar o nosso novo álbum DUM SPIRO SPERO, por isso a turnê é uma chance para as pessoas conferirem as músicas ao vivo. Também estaremos tocando algumas faixas dos nossos álbuns mais antigos.
── Por curiosidade, qual é sua impressão sobre os movimentos Occupy que estão acontecendo atualmente nos Estados Unidos?
Kaoru: Tomar uma atitude em relação aquilo que você acredita é uma coisa maravilhosa. Se há algo que pode ser mudado por algo que você é capaz de fazer, então vá em frente.
── Outra banda japonesa clássica com raízes no visual kei é o X Japan. Conte-nos sobre a influência deles sobre o Dir en grey e sobre vocês como músicos.
Kaoru: Eles eram uma banda popular quando éramos mais jovens e começamos como músicos, e sim, eles nos influenciaram naquela época, mas hoje eu não estou mais muito interessado em assistir aos seus shows.
── Como foi trabalhar com o Yoshiki do X como produtor e arranjador do álbum de 1999 da banda, GAUZE?
Kaoru: Eu me lembro que naquela época nós demoramos um mês inteiro para gravar apenas uma música. Mas nós definitivamente aprendemos muito com o Yoshiki. Olhando para trás, percebo como nós não tínhamos consciência sobre os aspectos técnicos relacionados ao estúdio. Se soubéssemos mais teríamos sido capazes de fazer uso do luxo que tínhamos à nossa disposição então.
── O Dir en grey já tocou no lendário Budokan. Quais foram as suas impressões da primeira vez que tocaram lá e o que isso significa para vocês?
Kaoru: Para nós o local não tem muito significado, mas é verdade que muitos artistas o vêem como um lugar sagrado, como um grande passo em suas carreiras.
── A banda também fez shows em outros países asiáticos como a China, Taiwan e Coréia do Sul, que se tornaram grandes mercados para a música japonesa nos dias de hoje. Como é tocar para as pessoas lá, e existem semelhanças ou diferenças grandes em comparação com seus shows no Japão?
Kaoru: Nós não fazemos shows na Ásia há muito tempo, então não temos muita certeza sobre isso, mas talvez teremos uma chance de visitá-los em algum momento em um futuro próximo.
── Quais são as suas músicas favoritas/que mais lhe influenciam de outros artistas?
Kaoru: Músicas... isso é realmente difícil de responder.
── Há alguma outra mensagem que vocês gostariam de compartilhar com o mundo?
Kaoru: Estamos promovendo o novo álbum nesta turnê, tocando várias músicas do DUM SPIRO SPERO, então se vocês estiverem interessados em experimentar os nossos novos sons ao vivo esta é a chance de vocês. Vejo vocês no Irving Plaza.
Texto original em inglês por Justin Tedaldi no Examiner.com
Traduzido para o português por imago no SABIR BRASIL
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