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Entrevista com o Kaoru e o Die na MusicRadar (Julho, 2011)


Dir en grey, os novos soberanos do heavy metal japonês.

Em seu oitavo álbum de estúdio, DUM SPIRO SPERO, o quinteto japonês de heavy metal, Dir en grey agitou uma feroz e arrasadora tempestade sonora que poucas bandas são capaz de realizar. As partes cativantes podem ser evasivas, mas como uma experiência puramente sensorial - ondas obscuras, densas e implacáveis de guitarras em downtuned colidem de todas as direções possíveis, enquanto batidas de quebrar cabeças esmurram o ouvinte (Sem falar nos uivos atormentados do vocalista, Kyo) - é um conjunto de 14 músicas épicas que facilmente desafia qualquer categorização.

"Se fomos capazes de dar algo de novo para as pessoas, então alcançamos nosso objetivo", diz o Kaoru, que no Dir en grey divide as responsabilidades da guitarra com o Die. "Eu e o Die nos esforçamos para criar sons os quais outros guitarristas não podem fazer. Não é que somos melhores guitarristas, mas nós deixamos a nossa imaginação correr livre. Muitos guitarristas que ouvimos tentam soar como os seus ídolos; Nós apenas queremos soar como nós mesmos.”

Plagiarismo é uma aflição da qual o Dir en grey parece ser geneticamente imune. Justamente quando você acha que talvez tenha uma noção de para onde eles estão indo na musica LOTUS, provavelmente a música mais mainstream que eles oferecem, a banda muda de direção radicalmente, destruindo tudo atrás deles, ofuscando todas as noções aceitáveis de composição de música tradicional.

Recentemente o MusicRadar encontrou com o Kaoru e o Die para falar sobre a abordagem deles à loucura que é a guitarra dupla, onde eles se vêem no mundo do heavy metaldom, e como o terremoto devastador de março passado e tsunami mudaram suas vidas.


A banda teve um cronograma diferente dos trabalhos anteriores para fazer este álbum?

Kaoru: Nos álbuns anteriores, as nossas músicas eram mais expansivas, elas iam tão longe quanto os sons e questões sobre o mesmo podiam ir. Estávamos à procura de uma extensão maior de impressões sonoras para seguir com as letras. Desta vez, estávamos mais focados. Queríamos um som principal a partir do qual seriamos capazes de construir. Isso não significa que nós nos limitamos... Apenas queríamos um tema central e um som principal. Isso realmente nos ajudou a permanecer centrados e não apenas seguir para qualquer direção. Às vezes, um pouco de disciplina é algo bom.


Vocês dois definiram funções como guitarrista base e guitarrista solo, ou vocês trocam?

Die: Nós não temos realmente um guitarrista base ou guitarrista solo. Cada um de nós tocará o que quer que seja que a música e a outra guitarra esteja pedindo. Sim, nós trocamos. Em relação a estilos de guitarra, ambos somos guitarristas extremamente competentes em qualquer coisa que escolhemos fazer.


É difícil detectar as influências no seu som. Quem vocês cresceram ouvindo, e quem pode ser considerado uma referência atual?

Kaoru: Nós crescemos ouvindo diferentes tipos de música, e como membros de uma banda, essas influências se unem e se acentuam quando nós tocamos. O rock japonês foi uma grande influência para nós. O X Japan, por exemplo, eles são muito importantes para nós. Eles são uma enorme influência na nossa banda.


Como vocês trabalham como guitarristas? Vocês se reúnem e tocam livremente?

Die: Nós gostamos de criar nossas frases e partes individualmente. É assim que abordamos as músicas e idéias e inspiramos um ao outro para criar algo novo e excitante. Nós não sentamos e tocamos juntos como outros guitarristas. Os nossos melhores trabalhos são feitos individualmente, e depois apresentamos para a banda o que criamos.


Que tipos de guitarras vocês tocam? Além disso, como o seu estilo de tocar tem impactado na sua escolha de instrumentos?

Die: Nós dois utilizamos principalmente as guitarras ESP. Não é como se as guitarras mudassem o nosso estilo de tocar. Nós tocamos da nossa própria forma, a qual é extremamente original e muito específica de como a nossa banda deve soar. Nós fazemos o que queremos.

Kaoru: Nós gostamos de trocar idéias quando se trata do que nós tocamos. Eu diria, porém, que eu forneço as idéias principais para o que nós fazemos. Eu acho que na banda eu sou o primeiro a instigar algo musicalmente. Em relação as guitarras, sim, nós gostamos da ESP. Eu não acho que a forma como tocamos tenha alguma influência na escolha de tocar usando as guitarras ESP. Já tocamos com outros tipos de guitarras e ainda assim soamos da maneira como deveríamos soar.


Vocês se interessam de alguma forma pelas guitarras vintage?

Die: Claro. Usamos as guitarras ESP para a maioria das coisas que fazemos, mas nós usamos muito as guitarras mais antigas sempre que o som delas sejam mais adequados. Gostamos de guitarras mais antigas, mas as guitarras ESP soam ótimas para a música que tocamos.


Houve alguma parte da tecnologia de guitarra que te impressionou recentemente?

Die: Acho que não. Nós tentamos não estar muito envolvidos com a tecnologia. No entanto, cada vez mais, eu acho que nos damos conta de que a guitarra em si oferece inúmeras possibilidades. Há tantas coisas que você pode criar com a guitarra. Seja qual for a idéia que esteja na sua mente, você pode torná-la realidade na guitarra ao simplesmente usar sua própria criatividade. Portanto, tentamos não nós deixar levar pela tecnologia.


Quais os tamanhos das casas de shows que vocês geralmente tocam no Japão?

Die: Nós tocamos em lugares grandes. Esperamos poder tocar em locais do mesmo tipo em outras partes do mundo.

Kaoru: O nosso último show no Japão foi no Nippon Budokan, que tem capacidade para 15.000 pessoas. Nós tocamos lá por dois dias seguidos, e os nossos ingressos foram esgotados em 45 minutos.
Obviamente, gostaríamos de repetir esse sucesso em outros lugares. (risos) Nós estamos fazendo turnês internacionais, eventualmente, chegaremos lá.


O DUM SPIRO SPERO é bastante denso musicalmente. Quanto tempo vocês levaram para compor e gravar o álbum?

Die: Nós começamos a compor e gravar em janeiro de 2010. Então, a coisa toda foi feita a partir desse período. Eu não sei se mantivermos qualquer tipo de cronograma. Finalizamos o álbum há alguns meses atrás. Nós não estávamos gravando o tempo todo, mas estávamos constantemente compondo e trabalhando nele.

Kaoru: Nós não apressamos o que nós fazemos. Uma única música pode levar de um mês a um ano para ser concluída. Nós não gostamos de apressar nada. Quando uma música está pronta, nós sabemos. A pior coisa que você pode fazer é gravar uma música antes que essa esteja pronta.

Die: Além disso, a parte boa é que nós dois temos nossos próprios estúdios, então trabalhamos individualmente em demos e depois nos reunimos para compor as músicas.


A cultura de "heróis da guitarra" é tão prevalente no Japão como é em todas as outras partes do mundo?

Kaoru: Definitivamente. As pessoas adoram guitarras no Japão. Eu vejo o hide do X Japão como uma grande influência. Ele era um guitarrista incrível e fez vários jovens quererem tocar guitarra.

Die: Sim, eu diria o mesmo. hide do X Japan era muito importante para todos. Pessoalmente, há um outro herói para mim: O Cipher da banda D'Erlanger, ele é um grande guitarrista. Fui muito inspirado por ele.


Como é o cenário do metal no Japão nos dias de hoje, e onde vocês se encaixam?

Kaoru: Eu não acho que o metal seja muito popular. Há um núcleo de fãs que têm nos acompanhado ao longo dos anos, mas não é muito grande. Provavelmente, no momento, somos a banda de metal mais bem sucedida no Japão, o que nós deixa muito orgulhosos. Nós provavelmente não somos atraentes para todos, mas isso não é problema. Nós não tentamos fazer música para todos.


Sendo que as suas músicas são bastante complexas e as letras são em japonês, como vocês se sentem sobre suas chances de ganhar popularidade no público internacional?

Die: Não estamos focados em música que é fácil de ouvir e pode ser mainstream. Estamos focados na música que nos inspira e nos permite avançar. Entendemos que a nossa música pode ser difícil de ouvir, mas consideramos isso algo positivo, é isso que nos torna únicos. Ser "difíceis de entender" é algo que vemos como uma vantagem - isso significa que estamos fazendo algo novo.


O tsunami que atingiu o Japão em março passado afetou a sua capacidade de fazer turnê por lá?

Kaoru: Sim, afetou muito. É realmente difícil dizer como as coisas serão para nós agora. Nesse momento no Japão, a vida é muito difícil para muitas pessoas por causa do desastre. As coisas não voltaram ao normal, e é difícil dizer quando voltarão. Nós não temos idéia se poderemos continuar como uma banda ou se poderemos fazer turnê no Japão... as coisas estão extremamente difíceis. Mas, nos comprometemos a trabalhar o máximo possível no momento e ser a melhor banda que podemos ser. Isso é tudo que podemos fazer.


Notas:
Mainstream - O termo refere-se a uma corrente principal, uma corrente de pensamentos e ícones culturais reconhecido pela maioria da população, uma mídia ou cultura de massa pode ser incluída nesse aspecto. Tudo que é “mainstream” refere-se a objetos comuns do entendimento geral, reconhecido pelas massas, disponível ao público geral e que possua apelo comercial. O mainstream também se refere ao conteúdo disseminado pelos meios de comunicação de massa. Para ler mais acesse o link.

Guitarras em downtuned - com afinação grave

Heavy metaldom - Um estilo musical, um tipo de Heavy metal livre, não encontrei muito a respeito por isso não posso explicar realmente.


Entrevista feita por Joe Bosso na MusicRadar
Foto por Robb Cohen./Retna Ltd./Corbis
Traduzido para o português por Uka no SABIR BRASIL

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