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Entrevista com Kaoru e Die na Metal Sucks (Julho, 2011)

ENTREVISTA COM O DIR EN GREY: "EU NÃO TINHA IDÉIA DO QUE ELES ESTAVAM FALANDO"


O Dir en grey do Japão é uma das bandas de metal mais destemidas e imprevisíveis, mas eles não facilitam essa percepção para os futuros fãs. Os ouvintes devem lidar com letras enigmáticas da língua japonesa, estruturas de músicas sem divisões, e curvas fechadas no tom que vai da beleza para um áudio gore brutal. O visual grotesco da banda em shows e em vídeos dificilmente os tornam mais digestíveis, mas não confunda a arte do Dir en grey com um rock shock sem espiríto.

Certamente, os visuais assustadores e músicas violentas são parte do estoque comercial do quinteto, mas a missão deles - como explicaram os guitarristas Die e Kaoru à MetalSucks de um hotel em Los Angeles na semana passada - é uma auto-expressão, não um combate, e o seu cantor mega-talentoso Kyo é um agente do medo não através de slogans piedosos e caricaturais sobre as semelhanças da humanidade com excrementos, mas com a sua variação incompreensível e imagem serenamente psicopata. O pessoal, não o comum, se vocês assim prefirirem. Vocês irão perceber que aparentemente, a opção de serem mais acessíveis para os fãs não ficou clara para eles. E sendo assim os fãs saem ganhando.

Após a quebra de página, Die e Kaoru falam (através de uma intérprete sobrecarregada à quem eu devo um jantar) sobre o seu trabalho fantástico com as guitarras no seu oitavo e próximo álbum DUM SPIRO SPERO, sobre os benefícios da barreira da língua e o medo de desafiar demais os ouvintes.


Parabéns pelo novo álbum. É uma odisseia! Eu gosto de como há algo novo musicalmente em cada álbum do Dir en grey; o DUM SPIRO SPERO é formado em parte pelo post-rock e deathcore. Qual foi a evolução do som deste álbum?

Kaoru: Obrigado pelo parabéns! Nós não estavamos nos concentrando particularmente em evolução ou mudanças a partir do álbum anterior. O que fizemos na verdade, foi apresentar e transmitir realmente o que estava em nossos corações, o que queríamos dizer. Portanto, nós não estávamos realmente preocupados com a idéia de progressão, mas eu acho que o álbum demorou mais para ser feito do que os anteriores porque estávamos tentando transmitir o que estava em nossos corações. Ao invés de nos concentrarmos na diversidade de estilos que foram retratados, nós nos focamos em um elemento, toda a idéia da fundação da música. A qualidade do som. A partir daí, nós nos diversificamos e tentamos expandir os nossos horizontes e as imagens que criamos com a música. Pode ser que as músicas desta vez estejam um pouco mais fortes do que antes.


Algo que me anima no novo álbum é a quantidade de sons de guitarra. Há riffs mais busy, partes mais harmonicas e solos sinuosos. Vocês descreveriam o DUM SPIRO SPERO como um álbum que gira em torno das guitarras?

Die: Quando estávamos criando as músicas, começamos individualmente então nos reunimos para organizá-las. Estávamos deixando a música seguir o seu curso. Conforme nós observamos os riffs de guitarra, e a relação deles com o baixo, nós adicionamos o que era necessário para adicionar cor e vivacidade para as partes de guitarra. Então, eu acho que a resposta é sim, desta vez ele é mais baseado nas guitarras (risos).


O segundo single do álbum, "LOTUS", foi um single mais direto que nem o "THE FINAL" (do álbum Withering to death. de 2005). Mas o terceiro e mais recente single, "DIFFERENT SENSE" é muito mais complexo. Vocês acham que o público agora está aberto para explorar músicas cada vez mais complicadas? Vocês se preocupam se estão sobrecarregando os ouvintes com coisas difíceis?

Kaoru: Muito obrigado por ter identificado o álbum dessa forma. É complicado. Pode ser realmente difícil entrar no clima do álbum no início. Se você estiver ouvindo o álbum pela primeira vez, pode ser um desafio. Mas se você ouvi-lo uma segunda e terceira vez continuamente, sinto que ele se tornará algo fácil de ouvir. Em comparação com os álbuns anteriores, temos músicas que são mais melodicas. Os ouvintes podem ser capazes de se identificar melhor com as músicas e suas alterações. Além disso, deve haver identificações e impressões diferentes cada vez que ele for escutado. Para os ouvintes, se eles o ouvirem só uma vez e nada mais, eles podem ter problemas ao assimilá-lo. Pode ser assim com algumas pessoas. Mas nós não estamos fazendo músicas apenas para os nossos fãs, nós estamos criando músicas que desafiem à nós mesmos e que também nós façam seguir em frente. Como profissionais, estamos continuamente buscando atingir um nível mais elevado. Estamos à procura de música de qualidade.


Eu tenho uma pergunta sobre os vocais. Todos os vocais são feito pelo Kyo?

Die: Sim.

Kaoru: Todos eles.


Eu sou um cara apaixonado pela guitarra, mas as muitas vocalizações diferentes nos lançamentos do Dir en grey são incríveis. O Kyo é incrível! Vocês se sentem do tipo, 'Uau, temos um vocalista incrível'?

Die: Eu sinto que nós trazemos individualmente as nossas qualidades, características e recursos para a banda. Temos respeito e também competimos uns contra os outros.


(risos)

Die: A idéia é crescer juntos, desenvolver em conjunto, e continuar a inspirar uns aos outros com o que cada um traz para o grupo. A forma como o Kyo trata a melodia - ou mesmo a maneira como ele canta a música - é insondável para mim. É algo que eu nunca serei capaz de fazer. Algo que eu talvez nunca tenha imaginado. Então, quando eu penso nisso desse jeito, ele é como uma guitarra ou um efeito. O Kyo é um instrumento. Que me inspira. Que me permite crescer como um guitarrista também.


O Dir en grey é uma banda com base no Japão, que trabalha para se conectar com audiências estrangeiras em todo o mundo. Estes fãs têm pouco contato em primeira mão com a cultura japonesa ou a linguagem, por tanto pode não haver uma conexão imediata com as músicas do Dir en grey. Existe uma tentação de compor mais músicas em inglês ou até mesmo mudar para L.A. por alguns anos?

Kaoru: Nos pedem constantemente para criar as nossas músicas em inglês. Mas nós não estamos exatamente criando músicas apenas para os nossos fãs. Consideramos a nossa música uma obra de arte. Dito isto, existem algumas expressões que só podem ser usadas em inglês. O Kyo prefere usar a sensibilidade que a língua japonesa oferece. Há expressões e nuances que só podem ser veiculadas em japonês; ele valoriza isso. À longo prazo, se há uma ideia que é expressada melhor em inglês, então haverá mais músicas do Dir en grey em inglês. A linguagem é parte dessa obra de arte. E não estamos pretendendo nos mudar para os EUA. Não é que não não estamos interessados - é uma idéia - mas nós não estamos planejando mudar deliberadamente nossa direção para ter sucesso nos Estados Unidos. Se houver uma oportunidade, pode ser que isso aconteça. Mas quando eu era jovem, eu ouvia bandas americanas. Eles cantavam todos em inglês e eu não tinha idéia do que eles estavam dizendo.


(risos)

Kaoru: Mas eu ainda me lembro da emoção que vivi. Eu sei como ouvinte que os nossos fãs podem se conectar com a nossa música da mesma maneira - mesmo com a barreira da língua.


Eu acho que a minha idéia é esta: É incrível que o Dir en grey possa fazer turnês solo nos EUA e no Reino Unido, e foram-se os dias em que os fãs não conseguiam comprar os discos do Dir en grey nos Estados Unidos. Isso é incrível. Mas, para mim, a banda ainda é grosseiramente subestimada. Com um nome de banda como Dir en grey, e um título latino para o álbum, vocês estão difícultando para si mesmos para alcançar mais pessoas?

Die: Hmm. Eu realmente não me preocupo como a música é percebida ou como ela é identificada. Isso é realmente uma decisão dos ouvintes. Como compositores, nós realmente não sabemos como ela é recebida ou o quê as pessoas pensam sobre ela. Se fôssemos começar a escrever músicas reagindo de acordo com a preocupação sobre à quem ela vai atingir, então eu acho que o que criariamos poderia acabar sendo algo muito frágil. Ela varia do que nós pretendíamos fazer, e daquilo que tinhamos a paixão em fazer desde o início. Dito isto, continuamos firmes sobre o que consideramos um desafio ou uma inspiração. Em vez de nos preocupar.


Falando sobre as turnês, já existe alguma data definida para os EUA?

Kaoru: A turnê começará no final de novembro e irá até o final do ano, começaremos na América do Sul e iremos até os EUA. Nós estaremos aqui.


Traduzido para o português por imago no SABIR BRASIL

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