English Español 日本語

ROCKIN'ON JAPAN: Entrevista com Kaoru (Vol. 364, abril de 2010)




Kaoru fala sobre si mesmo e sobre o DIR EN GREY 

Uma entrevista profunda com o Kaoru logo após a performance de dois dias no Budokan

'Como nasce a música do Dir en grey'


"Perder uma briga ou algo acontecer por causa de um erro meu, estas são as coisas que são deixadas no coração, para sempre. É por isso que nós criamos e tocamos músicas que são realmente muito sombrias, obscuras e violentas, mas nós, na verdade, colocamos como tema o futuro."



Um pouco antes dessa entrevista aconteceu o show de dois dias no Nippon Budokan. Para os fãs e membros da banda era o encerramento da turnê do DIR EN GREY, mas eu acho que essas duas performances foram também denominadas de "Fenômeno" por todo o cenário do rock. Uma expressão sombria e perigosa que se opõe diretamente ao fluxo de J-ROCK e J-POP, a qual foi apresentada com um nível elevado de "habilidade de apresentação". Juntamente com as notáveis habilidades de composição e um arranjo elaborado que foram recebidas de forma frenética pelo público do show de dois dias no Budokan, os quais tiveram todos os ingressos esgotados de imediato. É um fenômeno impressionante.

Esta é uma de duas revistas com uma entrevista importante dessa época. Perguntei ao Kaoru sobre como a música do DIR EN GREY é criada. Uma vez que esta é uma revista que só recentemente começou a escrever sobre eles, eu estou pensando em fazer gradualmente entrevistas que tentam compreender o DIR EN GREY logo de inicio. Em comparação com a entrevista anterior que foi também a nossa primeira entrevista (com um membro do DIR EN GREY), nós fomos capazes de falar um com o outro de uma perspectiva mais próxima.



—— Já que o show no Budokan já foi feito e esta é uma entrevista feita em um momento importante, em primeiro lugar, eu quero perguntar o que você pensou e sentiu depois de finalizar o show.

Kaoru: Bem, nós não estávamos realmente animados para o Budokan, ou melhor, realmente passou a sensação de estar fazendo uma turnê habitual. Ao invés de realmente nos prepararmos porque era o Budokan, havia um ar na banda de que se fôssemos capazes de fazê-lo de forma natural, então naturalmente teria um bom resultado. É claro que em relação à apresentação e etc, nós conversamos sobre isso desde a fase inicial e decidimos sobre como seria, mas quando percebemos, o que estava forte era a sensação de "ah já é o show do Budokan". Enfim, passou a sensação de que ser capaz de encarar o Budokan naturalmente resulta em um ótimo show.


—— Entendo. Mas, como esperado para as pessoas que estavam assistindo, é como você mesmo disse "há uma pequena diferença no significado entre assistir um show em uma casa de show e assistir ao um show no Budokan". Ou melhor, em relação ao show comum, você chega a sentir o show, mas ver isso acontecer no Budokan, é do tipo "Isso é um fenômeno, não?"; Esse tipo de sentimento. 

Kaoru: Mm-hmm.


—— O que ficou claro para mim foi que ter essa visão do mundo revelada nessa escala é algo incrível, como esperado. 

Kaoru: Entendo. Separando de modo geral, esta é a nossa quarta vez no Budokan. Não havia nenhum sentimento especial para com o Budokan, mas dessa vez quando fizemos os shows lá, fomos capazes de criar um carinho por ele, ou melhor, fomos capazes de fazer o nosso show no Budokan, ou de preferência, ele foi visto. Não era um show que podia ser feito em casas de shows comuns (em questão de estrutura), mas ao nos ver no Budokan parece que fomos capazes de alcançar algo. Parece que as pessoas que foram nos assistir foram capazes de pensar, "Eu quero vê-los novamente quando eles tocarem no Budokan". Nós também nos sentimos do tipo "queremos tocar no Budokan novamente". Desta vez fomos capazes de criar um forte sentimento pelo Budokan de forma firme. 


—— Antes eram vocês contra o Budokan, mas agora parece que o Budokan pertence a vocês (no sentido de vocês o dominaram)? 

Kaoru: Isso mesmo. Fomos capazes de fazer um show que não foi diferente do show que fazemos normalmente no Zepp ou COAST. Nós também ficamos surpresos com isso.


—— Entendo. Algo que eu também pensei foi, já que o Budokan é obviamente um lugar especial, vocês tocariam musicas populares ou hits, uma após a outra, ou se vocês gostariam de fazer um repertorio especial do tipo que o Budokan pede, mas não foi assim. Como esperado, vocês o desafiaram, apresentando a visão do mundo do "UROBOROS" através de uma abordagem frontal. 

Kaoru: Isso mesmo. Desta vez, também em termos de significado, o "UROBOROS" está devidamente expresso nesse tipo de escala. Músicas explosivas, apresentação... ao planejar essas coisas ele se transforma em algo disperso, ou melhor, simplesmente acabaria como um show planejado. Nós não queríamos fazê-lo assim.


—— Sim. Eu pensei que a escolha do repertório foi difícil. Se você o tomar como um show que mostrou demasiadamente a visão do mundo do "UROBOROS", então ele seria finalizado, ou melhor, o significado dele ter sido finalizado no Budokan teria sido atenuado desta vez. Por outro lado, se você disser que foi especial por causa do Budokan e que “nós passamos um ano criando a visão do mundo do "UROBOROS" como um álbum, e saímos em turnê, para sermos capazes de tocá-lo, desta vez, em um local grande?”... Vocês se libertaram desse pensamento. 

Kaoru: Isso mesmo. É por isso que quando estávamos selecionando as músicas, naquele momento pensamos em escolher músicas que realmente tinham um grau de pureza do Dir en grey atual. Se você assistiu apenas um dia ou os dois dias, não importa; é como se nós tivéssemos selecionado apenas as musicas que o atual Dir en grey realmente compreende.


—— Sim, passou realmente esse sentimento. É por isso que a razão pela qual vocês regravaram "Zan" surgiu. 

Kaoru: Isso mesmo. Além disso, Hageshisa (to, Kono Mune no Naka de Karamitsuita Shakunetsu no Yami) não era realmente uma musica nova. Nós a tocamos em ambos os dias, durante o encore, de certa forma a resposta foi como se fosse uma música de costume, e nós ficamos realmente surpresos. Normalmente, em relação à uma música nova, todos se preparam para vê-la e tentam descobrir em que tipo de atmosfera eles podem apreciá-la, certo? Mas, em vez disso, houve a reação "Essa música!" de imediato, e nós também fomos surpreendidos. 


—— Quando eu pensei que essa música seria colada definitivamente no melhor lugar do repertório principal, ela foi colocada casualmente no encore. Ela tinha um aspecto, que foi como se fosse uma musica popular para os fãs (risos). 

Kaoru: Sim, sim, é isso mesmo. Não tinha problema em colocá-la no repertório principal, mas já que não sabíamos qual seria a resposta do publico para a música e também a afinação era diferente, nós tentamos não colocar as músicas que de certa forma quebrariam estranhamente o fluxo no repertorio principal e a colocamos no encore. 


—— Foi também a turnê do "UROBOROS", e é também um show no Budokan para todos, e foi também um bom lugar para apresentar o novo single de uma boa forma. 

Kaoru: Isso mesmo.


—— E atualmente com o show no Budokan finalizado... Depois de terminar uma série que começou a partir do lançamento do "UROBOROS", eu acho que vocês realmente sentiram uma grande sensação de realização neste período. Ao mesmo tempo, provavelmente, eu acho que esse é também um período completamente em branco em busca do que vem a seguir. 

Kaoru: Sim. 


—— Já que eu estou sendo capaz de entrevistá-lo nesse período importante, eu quero te perguntar coisas diferentes. Hoje, antes de tudo eu queria perguntar sobre música. Eu quero saber que tipo de pensamento está por trás das suas músicas e como vocês foram capazes de chegar tão longe. Falando concretamente, como você faz música?

Kaoru: Bem, em relação à música que eu faço recentemente, em primeiro lugar eu me livro de mim mesmo. Eu jogo tudo fora, e então eu uso um violão ou um piano, em todo caso qualquer coisa serve, então mesmo que seja apenas uma coisa pequena eu gradualmente a transformo em alguma coisa. Então, quando eu acho que soa como eu, eu paro temporariamente. Dessa forma, quando eu paro, então eu faço algo que completamente não sou eu, ou melhor, não é o DIR EN GREY... Quando uma idéia se concretiza até certo ponto é quando eu finalmente apareço. Eu escolheria as coisas, pelas quais eu estava viciado e criaria algo. Primeiramente, é assim que eu me comporto ao criar musicas.


—— Tornar-se vazio e livrar-se de si mesmo... Porque isso é um ponto importante? 

Kaoru: As coisas que vêm de mim do jeito que são, não são interessantes quando eu as faço. Porque é como se elas tivessem sido concluídas dentro de mim. Por outro lado, se eu experimentá-las de uma maneira estranha, eu penso: "Ah, isso é diferente". É por isso que desde o início eu não crio coisas do tipo "Eu quero fazer dessa forma", ao invés disso eu crio algo que seja do tipo que eu queria fazer de tal maneira desde o início. A partir dai quando eu “surjo” enquanto a toco para todos; A sensação de que ela foi criada por todos surge e isso não é somente algo típico da banda. É por isso que embora não decidimos realmente sobre isso no início, nós pensamos nisso primeiramente enquanto pensamos que a atmosfera é de certa forma assim no começo. Então, pensamos em como as influências de todos seriam colocadas na musica.


—— Entendo. Então, é mais interessante começar a partir de uma imagem mais do que começar com aquilo no qual você é bom, ou com aquilo que suas mãos estão acostumadas? Ou você tem algo como uma definição que fazer isso é bom no sentido de evoluir a música do DIR EN GREY?

Kaoru: Ambos, eu acho. Hmmm, bem... Nós não passamos pelo mesmo caminho que nós já traçamos antes. Ou melhor, há possibilidades infinitas, ou melhor, passa a sensação de "que tipo de coisas somos capazes de fazer?"


—— Com essa explicação agora, todos os mistérios foram resolvidos de uma só vez. Pensei em falar sobre isso por cerca de 40 minutos (risos). 

Kaoru: Hahahahaha.


—— Se você analisar, ela é Grind Core, ou ela é Metal e ela é Gótico, você pode analisá-la de várias maneiras, mas você não sente que progrediu dessa forma. Não foi aquele tipo de evolução calculada ou intencional, no entanto, há a sensação de uma evolução muito natural. 

Kaoru: Sim.


—— Não foi uma evolução intencional, mas sem dúvida alguma, vocês estão evoluindo. E gradualmente expandindo. Mas todas as músicas têm exclusivamente o som do DIR EN GREY. Quando eu penso sobre o porquê que esse fenômeno misterioso ocorre, é por causa disso. 

Kaoru: Isso mesmo. Primeiro nós a mudamos a partir da introdução. No final, claro, uma vez que fizemos isso, ela seria manchada com a nossa cor, certo? Mas nós não pensamos sobre isso, na primeira etapa. 


—— Mas, o ponto mais importante é o início da caminhada em uma estrada que vocês nunca pisaram. 

Kaoru: Sim, isso é verdade. Ao comunicar algo às pessoas, desta forma, uma vez que isso parte da perspectiva de ouvir ou ver o que nós fizemos, é mais... Essa é uma maneira estranha de dizer isso, mas, não seria melhor se nós usássemos mais disso... Não seria melhor se nós continuássemos a procurar por mais e mais possibilidades? 


—— Entendo. 

Kaoru: Mas, isso é o que eu penso sempre. Eu não tenho talento. Sou completamente incapaz, "Como esperado eu sou insuportável". Eu caio em auto-desprezo (sentimento de inferioridade) toda vez que eu estou criando músicas. 


—— Mas isso é porque quando você está traçando um caminho, há vários momentos em que você pensa que não vai ser capaz de chegar ao seu destino, certo? Muitas vezes você pensa, "Ah, eu estou preso" ou "Estou perdido", é porque você está fazendo isso. 

Kaoru: Agora que você colocou dessa forma, sim, é isso mesmo. 


—— Hahahaha.

Kaoru: É por isso que, naturalmente, quando eu mostro para os membros algo que eu criei, e quando todos começam a trabalhar em cima disso juntos, eu realmente penso que "Ah, como eu havia imaginado, quando eu faço isso com todos juntos então se transforma em algo devidamente concluído", eu também gosto disso. 


—— Entendo. Então vocês querem evoluir para mudar e ampliar seus horizontes, mas vocês também querem continuar a ser vocês mesmos e para equilibrar esses dois; não há outra forma a não ser essa. 

Kaoru: Sim. É isso que eu penso.


—— Por exemplo, mesmo se as bandas de música ocidentais criarem novos estilos e evoluírem dessa forma, eu acho que já existem algumas bandas que são assim. Mas o DIR EN GREY é uma banda japonesa, não? 

Kaoru: Sim. 


—— Você sente que fazer uma abordagem diferente da delas é algo que na realidade é fácil, porque vocês são uma banda japonesa e também porque vocês são japoneses?

Kaoru: Ah, sim, sim. Eles acham que as músicas que fazemos são muito incomuns se vistas da perspectiva deles, e ter bastante atmosfera é realmente, bem, é uma arma, ou melhor, eu acho que é importante. Por isso, do contrário, percebemos isso quando fomos para o exterior. Mas não se trata de ter um design internacional, mas sim porque nós estamos indo para o exterior e à medida que continuamos indo e indo, percebemos que ser mais nós mesmos nos dá a melhor motivação/poder.


—— Vocês não estavam realmente conscientes disso até que foram para o exterior? A música que vocês tocam, até mesmo quando você olha objetivamente para ela, é muito distinta. Sendo assim, você não acha que a música tem esse estilo porque você é japonês? 

Kaoru: Hmmm, nós nunca pensamos sobre isso dessa forma. Basicamente, nós negamos e renegamos e a fazemos. Não voltaremos a fazer coisas que já fizemos uma vez. Por isso, nós temos confiança em nós mesmos, mas é como se não tivéssemos confiança no que fizemos. Nós não hesitamos em relação às coisas que queremos fazer, mas talvez seja porque nós ainda não conseguimos ver algo definido.


—— Oh, entendo. Até agora, sempre que vocês consagram algo, vocês fazem algo que não é daquela forma ou vocês a destroem e fazem algo novo; de onde esse mecanismo ou melhor, esse tipo de essência surge? Será que ela surge da sua mentalidade ou da sua natureza? 

Kaoru: Bem... da mentalidade. Hmmm. Em relação a natureza, não importa o quê, eu sou realmente o tipo de pessoa que odeia fazer coisas incômodas. Do tipo "Assim está bom" (risos). Mas, quando vi os dias de juventude dessa banda, como esperado, eu estava muito animado com a próxima coisa que iria sair, ou melhor, eu me perguntava sobre o que eles iriam fazer; eu quero que essa banda tenha sempre esse sentimento de antecipação.


—— Com relação a esse sentido de missão com a mudança, eu me pergunto onde ele foi criado? Embora você tenha sido alguém que odiava fazer coisas incômodas antes. 

Kaoru: Antes talvez seja porque eu não tinha confiança em mim mesmo. Eu pensei que eu tinha que mudar ou então eu provavelmente seria inútil. Eu tive que colocar pressão sobre mim mesmo ou eu definitivamente seria uma pessoa imprestável. Desde então... Eu digo a mim mesmo que se eu ficar complacente, então, esse seria o meu fim. Por isso, dizer que eu estava vivendo rápido é um pouco estranho, mas eu acho que se eu tivesse que ter esse sentimento, então eu teria que seguir em frente de alguma forma. Em relação às coisas que eu fiz, se eu não disser claramente a mim mesmo que elas não são o meu “eu” atual então eu não consigo seguir para a próxima coisa.



"Há várias porções no DIR EN GREY que são pop. 
Damos muita importância a isso, e planejamos colocar parte disso nas músicas. "



—— Então não é uma metodologia. Vocês não estão visando a mudança mentalmente ou superficialmente; é mais como um reflexo do seu modo de vida? 

Kaoru: Sim, sim. Como esperado, se nada sair dos sentimentos (no sentido de ter sido criado a partir dos sentimentos), então eu odiarei a forma final. Acontece o mesmo com as músicas.


—— Então, assim vocês continuam a fazer ótimos álbuns se esse fosse o caso, certo? (Risos). Então isso não se tornaria o inimigo? 

Kaoru: Sim. Para ser sincero, desta vez, estamos pensando sobre o que fazer a seguir (risos). 


—— (Risos) Soa como um caminho turbulento... 

Kaoru: Bem, mas não há nenhum sentimento de ansiedade. Não é porque temos uma estranha confiança, mas é como se o sentimento de "Vamos fazer isso!" fosse mais forte agora, ou melhor, apenas agora estamos sendo notados, então agora quando estamos motivados temos que dar tudo de nós, ou melhor, parece que agora é a hora de ser motivado. 


—— (Risos) Você quer dizer que isso não é constante? 

Kaoru: Hahahahaha! Bem, eu acho que estar neste estado é uma coisa realmente boa para a banda. Além disso, quando não conseguimos descobrir o que fazer, nós imediatamente pensamos em desistir. Mas, nós sempre conseguimos descobrir o que fazer e algo surge. Sabemos também que esse ainda não é o limite, até mesmo para mim.


—— Entendo. Dessa vez eu perguntei sobre música, mas e em relação ao que vocês chamam de imagem, imagens obscuras são basicamente colocadas na música do DIR EN GREY e expressam uma visão do mundo, contudo eu quero voltar a perguntar sobre o que você descobriu nessa imagem obscura? 

Kaoru: Hmmm, bem... Quando você a escuta, olha para ela rapidamente, é como se você, é claro, não quisesse que ela acabasse assim, ou melhor, quanto mais você a ouvir mais você irá gostar. 
Eu gosto de músicas que ecoam até o centro de um coração ou tem um sentimento angustiante ou um sentimento de desamparo/frustração e por isso eu quero fazer músicas desse tipo. Ou melhor, quero que as músicas ressoem até o centro do coração de uma pessoa, eu quero que isso aconteça com todas as músicas que fazemos. Quando isso acontece, então, naturalmente, mais do que coisas felizes, o que realmente ressoa em mim são as coisas que realmente machucam, coisas nocivas, cheias de raiva ou coisas negativas.


—— Você já analisou o porquê você pensa assim? 

Kaoru: Hmmm... por que... Bem, na minha vida, eu realmente não me lembro das coisas boas. Como ter obtido o 1 º lugar no festival de esportes ou ser elogiado pelos meus pais; essas coisas não importam. Eu acho que essas são memórias que gradualmente desaparecem. Contudo, mais do isso, ter perdido uma briga naquele época, ou quando havia um cara realmente chato, ou algo que aconteceu por causa de um erro meu... estas são as coisas que são deixadas no coração para sempre. Mas por conseqüência disso você descobre que existe o amanhã depois disso, ou melhor, você pode dar o próximo passo, como no meu caso. É por isso que tocamos/criamos musicas realmente sombrias, obscuras e violentas, porém nós na verdade colocamos como tema o futuro ou melhor, mesmo que haja muitas dificuldades, as quais existem na vida.... mesmo se você estiver em silêncio, o "a manhã" vai chegar. É sobre a coragem de dar o primeiro passo nessa direção, ou melhor, nós esperamos que possamos expressar essas coisas. 


—— Eu entendo. Mesmo que o mundo diga que a afirmação da condição atual ou que suas personalidades atuais sejam mais otimistas e positivas, ser negativo na atualidade se torna uma verdadeira força ou algo bastante positivo. Para mim, que tenho uma visão do mundo fundamental do rock que começou a partir do Blues, eu definitivamente também penso dessa forma.

Kaoru: Sim, sim, sim.


—— Eu me pego pensando "Por que, mesmo sendo rock, o presente tem que ser positivo?", "Isso deve ser impedido!".

Kaoru: Isso é verdade, sim... isso mesmo. 


—— Mesmo que isso signifique ser uma banda que até agora tenha se expressado de forma franca, clara e explícita, sem inibição, eu realmente amo o DIR EN GREY, como uma banda de Blues (risos).

Kaoru: Hahahahaha.


—— Mas é claro que, já que vocês realmente desejam ser positivos, vocês não deixam a sua mira sair destas coisas como o sofrimento atual ou a dor, e vocês as retratam sem hesitação. É por isso que vocês também negam a vocês mesmos o tempo todo, e como vocês também negam de certa forma os seus trabalhos anteriores vocês conseguiram subir até agora, vocês avançam. Mesmo agora, no presente, é claro que vocês avançam enquanto negam a si mesmos. Mas já que as únicas pessoas que vocês não levam de forma negativa são os ouvintes na frente de vocês, onde você pensa "Não tem problema?", entretanto vocês fazem as coisas com uma postura provocativa, não é? Se vocês fizerem isso, então é claro que há uma tendência a serem mal entendidos, certo? 

Kaoru: Isso mesmo. sim, sim, sim. 


—— E quando vocês são traídos ou quando eles pensam "Por que eles tentam mostrar essas coisas detestáveis?" 

Kaoru: Bem....... parece que nós escolhemos nossos ouvintes. Nós também achamos que ninguém iria escolher fazer isso sabendo das conseqüências. Mesmo se nós vendermos um milhão de cópias, certamente, nós pensaríamos que o que estamos fazendo no momento é errado e nós pensaríamos em ir em uma direção diferente. 


—— (Risos). 

Kaoru: É por isso que naturalmente, as pessoas querem ir em direções diferentes não importa o que; ou seja, se alguém me dissesse "Eu acho que isso é bom", então eu pensaria, "Bem, então eu quero tentar ir na direção oposta". Mas quando eu tentar ir nessa direção, eu provavelmente também notarei algo. Isso também é o meu temperamento.


—— Pelo contrário, em relação as pessoas que estão ouvindo musicas que são como uma expressão desse tipo de dor, eu também acho que essas músicas se comportariam como uma dor verdadeira que forçaria o seu coração a confrontá-la. Mas se elas as interpretarem mal, então elas cegamente se afogariam nessa dor e eu acho que há também o oposto de quando elas pensam que está tudo bem. O que você acha a respeito disso? 

Kaoru: Por exemplo, mesmo em relação as músicas que as pessoas dizem, "Uwaaa, vocês estão fazendo sons repugnantes ", poderíamos pensar que é uma coisa muito pura ou melhor, é muito bonito e fazê-los (assim mesmo). É por isso que, sentir-se confortável é normal para nós. Nós realmente achamos que estamos concretizando as coisas que saem de nós através de nossos corpos, por isso achamos que não é estranho. Nós pensamos que o que fazemos provavelmente ressoa nas pessoas de verdade. Por isso, ela pode parecer ter espinhos, mas nós planejamos fazer algo que completamente não tem espinhos algum. 


—— Claro que isso é belo uma vez que tem essas coisas, mas em relação aos ouvintes que são preenchidos por isso ou que acham que é o suficiente apenas ouvir a música do DIR EN GREY como uma forma de escapismo. Não tem problema com isso ou você espera por uma espécie de ouvinte mais profundo? 

Kaoru: Não, isso já depende da pessoa, tudo bem se eles as ouvirem assim, e se sentirem alguma coisa e forem motivados, então, isso nos faria feliz. Desde que eles sintam da forma que eles queiram. 


—— Mas eu senti do princípio ao fim do arranjo que houve uma abordagem do tipo que vocês também não queriam que eles a ouvissem como algo que não era apenas finalizado lindamente. 

Kaoru: Bem, sim. Mas, não tem problema em ouvi-la da forma que eles quiserem, é claro. Quanto a isso, eu acho que é um privilégio dos ouvintes que se sentiram dessa forma ou melhor, a sensibilidade daquela pessoa. Essa pessoa tem sua própria maneira de nos desfrutar. E eu acho que não tem problema com isso. 


—— Ser preenchido com espírito não é um erro? 

Kaoru: Sim. Isso mesmo. 


—— Em relação ao aspecto pop do DIR EN GREY, como você está consciente disso, o quanto disso é refletido nas musicas que você faz? 

Kaoru: Há várias partes de pop no DIR EN GREY. É o riff de guitarra, a melodia, o ritmo. Estamos pensando em colocar tudo isso em abundância (risos).


—— (Risos) Entendo. 

Kaoru: Claro que eu penso que o pop é realmente importante. Nós realmente damos importância, e planejamos colocar muito disso nas músicas. 


—— Em vez disso, não é que é pop, mas sim o "Meu tipo de pop", certo? 

Kaoru: Isso mesmo! Não há uma parte onde você pensa, "Ah, eu estou tão feliz que eles foram lá (seguiram nessa direção)!". Como um lugar que está coçando, mas você não consegue alcançar para coçar (risos). É também um equilíbrio delicado, mas que é um ponto realmente importante. 


—— Eu entendo. Há ainda outros temas que eu quero perguntar, por exemplo sobre a natureza dos membros do DIR EN GREY ou sobre qual é a posição do DIR EN GREY na indústria da música. Ou, basicamente, que tipo de atitude você toma para com os ouvintes, etc. Isso levaria de 2 a 3 anos, e estou pensando em perguntar isso tudo em uma série (de entrevistas). Como um trabalho de uma vida (risos). 

Kaoru: Hahahahaha, ok.





Nenhum comentário:

Postar um comentário